CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO


CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO



Mantemos a recomendação do vídeo de Jean-Luc Godard, com sua reflexão sobre a cultura européia-ocidental, enquanto a agressão injusta à Nação Líbia perdurar.




Como contraponto à defesa de civis pelos americanos, alardeada em quase todas as recentes guerras de agressão que promovem, recomendamos o vídeo abaixo, obtido pelo Wikileaks e descriptografado pela Agência Reuters

sábado, 30 de abril de 2011

Kadafi adverte que guerra pode chegar ao Ocidente, (Terra Notícias)

30 de abril de 2011 • 06h35 • atualizado às 08h43


Kadafi advertiu os países da Otan que atacam o país de que a guerra pode chegar a seu território

Foto: AFP

Reduzir Normal Aumentar Imprimir Além de ter se negado a abandonar a Líbia, Muammar Kadafi advertiu os países da Otan que atacam o país de que a guerra pode chegar a seu território. Em discurso televisionado, Kadafi assinalou que "os líbios são livres para estender a guerra até o território do inimigo, têm a razão e eu não posso impor um veto se esta for sua decisão".

No discurso, pronunciado por ocasião do centenário de uma batalha travada contra as forças italianas, Kadafi reprovou a decisão da Itália de voltar a lançar uma agressão contra a Líbia e empregar seu poderio militar para "matar líbios", segundo o texto divulgado pela agência oficial de notícias Jana.

"Onde estão o tratado de amizade e o acordo de não agressão? Onde está meu amigo Berlusconi? Onde está o Parlamento italiano?", questionou o coronel líbio. Kadafi sublinhou que, se o petróleo for o motivo da agressão ocidental, "assinaremos contratos com suas empresas. Não precisamos de uma guerra para isso".

Mais uma vez, o líder líbio descartou deixar o poder e abandonar o país. "Não vou abandonar meu país. Ninguém pode me obrigar a deixar meu país, e ninguém pode me dizer para não brigar pelo meu país", assegurou. O líder líbio acrescentou que ainda está disposto a um cessar-fogo: "A (Líbia) esteve pronta até agora para entrar em um cessar-fogo... mas o cessar-fogo não pode ser de uma só parte".

"Fomos os primeiros a dar as boas-vindas a um cessar-fogo e fomos os primeiros a aceitá-lo, mas o ataque cruzado da Otan não parou", disse o coronel. Kadafi também defendeu negociações com a Otan para pôr fim aos bombardeios aéreos sobre a Líbia.

"Nós não os atacamos, nem cruzamos o mar. Por que nos atacam? Desejamos negociar com vocês, os países que nos atacam. Desejamos negociar", apontou. No entanto, advertiu que, se os estados da Otan não querem dialogar, o povo líbio não se renderá e estará disposto a resistir ao que chamou de ataques "terroristas".

Nesse sentido, Kadafi disse que os soldados da Otan morrerão se invadirem a Líbia por terra. "Ou a liberdade ou a morte. Nenhuma rendição. Nenhum medo. Nenhuma saída", assinalou o líder líbio, que denunciou que os ataques aéreos da Otan violam a resolução da ONU.

Por outro lado, incentivou os rebeldes a abandonarem as armas, já que, em sua opinião, os líbios não deveriam brigar entre si. "Não podemos lutar entre nós, somos uma família", indicou Kadafi.

Durante a declaração, Kadafi convidou França e Estados Unidos a negociar com ele uma solução para a crise na Líbia. "Estamos dispostos a negociar com França e Estados Unidos, mas sem condições", afirmou o ditador. "Nós não nos renderemos, mas eu os convido a negociar. Se vocês querem o petróleo, venham para que assinemos acordos com suas empresas, mas não vale a pena fazer uma guerra" disse.

Por fim, o coronel líbio afirmou que as forças leais ao seu regime estão lutando contra "grupos da Al Qaeda", e questionou: "estarão estes grupos dispostos a respeitar um cessar-fogo? Desafio a Aliança Atlântica a obrigar essa gente a um cessar-fogo".
extraído de http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5103291-EI17594,00-Kadafi+adverte+que+guerra+pode+chegar+ao+Ocidente.html

Falcão, na Presidência do PT, lidera ofensiva final contra a direita, por Correio do Brasil

29/4/2011 14:48, Por Redação - de São Paulo


Após as despedidas de Dutra, Falcão assume a Presidência do PT
Ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra comunicou oficialmente sua renúncia ao comando do partido com um discurso no Diretório Nacional do PT, na manhã desta sexta-feira. Muito aplaudido, Dutra lembrou que alguns companheiros gostariam que ele renovasse a licença, mas acreditava que “não seria justo” nem com ele, nem com o próprio partido. A saída de Dutra e a escolha do deputado estadual Rui Falcão (SP) para o lugar dele significa na realidade, segundo alta fonte no partido, do início da maior ofensiva do PT já realizada contra os partidos da direita em São Paulo, último reduto do PSDB, DEM e PPS.
– Tomei uma decisão sobre a qual tenho total responsabilidade: sair agora da presidência do PT. O partido define seu novo presidente e eu me cuido – disse.
Dutra deixa a Presidência do PT para um tratamento médico que feve durar cerca de 180 dias. Com isso, o vice-presidente Rui Falcão assume o cargo até 2013, época de uma nova eleição no partido, com vistas às eleições presidenciais de 2014.
– Se vocês acompanharam, a minha primeira licença foi de 15 dias. Na véspera do 15º dia, já começaram a especular: ‘volta, não volta, vai ficar três meses fora’. Não é justo com o PT, porque gera instabilidade, porque o partido tem tarefas urgentes na conjuntura política (eleições 2012), e ruim para mim porque essa indefinição gera estresse – disse Dutra sobre as especulações sobre sua continuidade no comando do PT.
Na noite passada, em Brasília, líderes da ala majoritária do partido optaram pela permanência do deputado estadual Rui Falcão (SP) na Presidência do partido, em substituição a José Eduardo Dutra. O nome de Falcão seguiu para votação na reunião da legenda, em São Paulo, e deverá ser aprovado nas próximas horas pelo Diretório Nacional, composto por 81 membros mais os líderes do partido no Congresso. Apoiado pelo ex-ministro José Dirceu, Falcão deverá permanecer no cargo por dois anos. Sua escolha, caso se concretize, devolve o controle da sigla para São Paulo no momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta ao Estado, no momento em que os petistas lançam uma ofensiva contra o PSDB num dos últimos redutos da oposição.
Observadores políticos acreditam que o objetivo do ex-presidente Lula é fortalecer na legenda no Estado, em um momento de confusão generalizada nos partidos da direita, após o lançamento da dissidência do prefeito Gilberto Kassab na forma do novo partido, o PSD. Fontes no PT acrescentam que Falcão, que também ocupa a Primeira-secretaria da Assembleia paulista, deverá comandar o PT com um colegiado, integrado por nomes como o do secretário nacional de Organização da sigla, Paulo Frateschi, e José Dirceu, que defendeu junto aos seus pares a candidatura de Falcão desde março.
– A escolha do nome de Falcão foi acertada com a presidenta Dilma (Rousseff) e em nenhum momento houve a discordância entre ela a direção do partido. A versão de que o (ex-ministro José) Dirceu teria influenciado nessa escolha também é uma falácia, pois ele sequer participou das discussões finais sobre a escolha do Rui (Falcão) para o posto de (José Eduardo) Dutra – disse a fonte. Dirceu chegou ao país na noite passada de uma série de palestras agendada na Inglaterra.
Delúbio de volta
Junto com a renovação do Diretório Nacional, a cúpula do PT também estuda a possibilidade de refiliação do ex-secretário de Finanças, Delúbio Soares, expulso do cargo durante o escândalo do mensalão, no final do primeiro mandato de Lula. Integrantes da corrente majoritária, Construindo um Novo Brasil, discutem a possibilidade de refiliação de Delúbio Soares, que foi convidado a participar da reunião quando seu nome estiver em pauta.
Delúbio conta com o apoio explícito de parlamentares e ex-correligionários, entre eles o líder do PT na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza, que participou de jantares na residência da senadora Marta Suplicy (PT-SP) para tratar do assunto. Acompanhado da esposa, Mônica Valente, na véspera, Delúbio chegou a se emocionar durante a defesa que fez de sua volta à legenda, durante reunião na sede do partido. Apos cinco anos e meio depois da expulsão, Delúbio recebeu o apoio da corrente majoritária no PT.
– A minha identidade política é a mesma identidade do PT. Preciso da minha identidade política de volta – disse Delúbio, com a voz embargada.
O discurso emocionou os presentes e o deputado Sibá Machado (PT-AC), ao lado do dirigente Francisco Rocha, o Rochinha, seguraram as lágrimas ao ouvir o pronunciamento de Delúbio e, depois, ao defender a volta dele para o seio da legenda.
– Ele segurou o choro e ficou muito emocionado. Mas agora eu sinto que o Delúbio está feliz e aliviado – disse o secretário de Comunicação André Vargas (PT-PR).
Processo
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema. O caso veio a público quando foi denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson. Segundo Jefferson, atual presidente nacional do PTB, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Em janeiro de 2008, o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com o acordo, Pereira teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos.
No relatório, Barbosa apontou o ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu; o ex-presidente do PT, deputado José Genoino (SP); o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares; e o ex-secretário-geral Silvio Pereira, como núcleo central do esquema. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genuíno e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
O voto do relator apontou ainda que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto por Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
A denúncia inclui ainda parlamentares do PT, do PP, do PR (ex-PL), do PTB e do PMDB. Entre os acusados está o ex-deputado federal Roberto Jefferson. O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha responde processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em setembro do ano passado, saiu a primeira sentença do caso, quando a Justiça Federal condenou o advogado Rogério Lanza Tolentino, apontado como sócio do publicitário Marcos Valério, a sete anos e quatro meses de prisão, mais pagamento de 3.780 salários mínimos, pelo crime de lavagem de dinheiro.

-extraído de http://correiodobrasil.com.br/falcao-na-presidencia-do-pt-lidera-ofensiva-final-contra-a-direita/234029/ em 30/04/11

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Reflexões de Fidel - Relatório do Conselho de Estado Chinês e os direitos humanos

Reflexões de Fidel - Relatório do Conselho de Estado Chinês e os direitos humanos




April 25, 2011, by Blogs Amigos

Eu li muitos livros e materiais para cumprir a minha promessa de continuar a reflexão sobre a Batalha de Giron, quando eu tive um novo olhar sobre as notícias de ontem, que são abundantes, como de costume. Montanhas podem se acumular em qualquer semana, desde o terremoto no Japão, o triunfo de Ollanta Humala no Keiko, filha de Alberto Fujimori, ex-presidente do Peru.

O Peru é um grande exportador de prata, cobre, zinco, estanho e outros minerais, possui grandes depósitos de urânio que poderosas empresas multinacionais procuram explorar.O urânio enriquecido para fora é a arma mais terrível na história humana, e combustível de usinas nucleares, apesar dos alertas de ambientalistas, foram construídas em ritmo acelerado nos os EUA, Europa e Japão.

Seria injusto, é claro, a culpa é do Peru. Os peruanos criaram o capitalismo, colonialismo e do imperialismo. Também não se pode culpar o povo americano, que também é uma vítima do sistema que gerou os políticos mais irresponsável que o mundo já conheceu.

Em 08 de abril os “mestres do mundo” divulgaram seu relatório anual sobre as violações dos "direitos humanos", o que levou a uma análise precisa sobre o web site Rebelión, assinado pelo cubano Manuel E. Yepe, com base na resposta do Conselho de Estado da China, listando fatos que demonstram a situação dramática dos direitos humanos nos Estados Unidos.

"... Os Estados Unidos é o país onde mais há ataque aos direitos humanos, tanto no país,como em todo o mundo e é uma das nações que menos garante a vida, propriedade e segurança pessoal dos seus habitantes.

"A cada ano, uma em cada cinco pessoas é vítima de um crime, as mais altas taxas do mundo.Segundo estatísticas oficiais, as pessoas com idade acima de 12, foram 4,3 milhões atos violentos.

"A criminalidade tem crescido de forma alarmante nas quatro maiores cidades (Filadélfia, Chicago, Los Angeles e Nova York) e registrou um aumento significativo face ao ano anterior em outras grandes cidades (St. Louis e Detroit).

"A Suprema Corte determinou que a posse de armas para defesa pessoal é um direito constitucional que não pode ser ignorado pelos governos estaduais. Noventa dos 300 milhões de pessoas no país tem 200 milhões de armas de fogo.

"Nacionalmente houve 12.000 homicídios causados ​​por armas de fogo, enquanto 47 por cento dos roubos foram cometidos com armas de fogo.

"Na Sombra da seção de" atividades terroristas "do Patriot Act, a tortura e a violência extrema para extrair confissões dos suspeitos são comuns. Condenações injustas são evidentes na 266 pessoas, 17 delas já estão no corredor da morte que foram conseguidas por meio de testes de DNA.

"Os advogados de Washington de liberdade na Internet para fazer a Net um importante instrumento de pressão diplomática e da hegemonia, mas impõe restrições rígidas sobre ciberespaço em seu próprio território, e pretende estabelecer uma vedação legal para lidar com o desafio Wikileaks e vazamentos.

"Com uma taxa de desemprego elevada, a proporção de americanos que vivem na pobreza atingiram um nível recorde. Uma em cada oito pessoas participaram no ano passado no programa do vale-refeição.

"O número de famílias alojadas em centros de desabrigados aumentou 7 por cento e as famílias tiveram que ficar mais tempo em abrigos. Os crimes violentos contra as famílias desabrigadas estão em constante crescimento.

"A discriminação racial permeia todos os aspectos da vida social. Os grupos minoritários são discriminados em seus empregos tratados indignamente e não são considerados para promoções, benefícios ou processo de seleção de emprego. Um terço dos negros eram discriminados no seu local de trabalho, mas apenas 16% se atreveu a reclamar.

"A taxa de desemprego para os brancos é de 16,2%, entre os hispânicos e os asiáticos e 22% entre os negros é 33%. Africano-americanos e latinos representam 41 por cento da população prisional. A taxa de Africano americanos servindo uma sentença de vida é 11 vezes maior do que os brancos.

"90 por cento das mulheres foram vítimas de discriminação sexual de qualquer tipo em seu local de trabalho. Vinte milhões de mulheres são vítimas de estupro, cerca de 60.000 prisioneiros foram condenados por assalto assalto ou violência sexual. Um quinto dos estudantes universitários são vítimas de violência sexual e 60 por cento dos estupros ocorrem no campus nos dormitórios feminino.

"Nove em cada dez estudantes, gays, bissexuais ou transexuais sofrem assédio na escola.

"O relatório dedica um capítulo para recordar as violações de direitos humanos que é responsável pelo governo dos EUA fora de suas fronteiras. As guerras no Iraque e no Afeganistão, liderada pelos os EUA, têm causado enormes quantidades de vítimas entre a população civil nesses países.

"'Terrorismo' em Ações dos EUA incluem escândalos graves de abuso de prisioneiros, a detenção indefinida sem acusações nem julgamento em centros de detenção, como Guantánamo e outros lugares, criada para interrogar os chamados" detentos de alto valor alto " aplicável quando o pior tortura.

"Documento chinês também lembra que os EUA violaram o direito de existir e de se desenvolver para o povo cubano, não respeita o mundo como expressa a Assembléia Geral da ONU por 19 anos consecutivos" A necessidade de acabar com o econômico, comercial e embargo financeiro contra Cuba ".

"Os Estados Unidos não ratificaram as convenções internacionais sobre direitos humanos e ao Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Convenção sobre os Direitos da Criança.

"Os dados fornecem apresentados pelo governo chinês mostram que a história infeliz dos EUA, e rejeita como" juiz dos direitos humanos no mundo. "Sua "diplomacia dos direitos humanos" é pura hipocrisia dos critérios duplos para servir os seus interesses estratégicos imperial. O governo chinês aconselhou o governo dos EUA a tomar medidas concretas para melhorar a sua própria situação dos direitos humanos, para rever e corrigir as suas atividades nesta área e parar com seus atos hegemônicos na utilização de direitos humanos para interferir nos assuntos internos de outros países A importância desta análise, acreditamos, é que essa denúncia é feita em um documento assinado por por uma estatal chinesa, um país de 1 341 milhões de cidadãos, que tem 2 trilhões de dólares em reservas de moeda, que sem a cooperação do império pode desmoronar.Pareceu-me importante que o nosso povo soubesse dos detalhes precisos contidos no documento do Conselho de Estado Chinês.

Se Cuba dissesse que temos mais de 50 anos de denúncia dos hipócritas,talvez seria seria irrelevante.

Marti disse 116 anos atrás, em 1895: "... o caminho a ser fechada, e com o nosso sangue que estamos cegos, a anexação dos povos de nossa América, do Norte e brutal que nos despreza ..."

"Vivi no monstro, e conheço suas entranhas".

Fidel Castro Ruz

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Blog ganha maior prêmio americano por defender os fracos

Publicado em 18/04/2011

A redação do ProPublica recebe a notícia do Pulitzer

Pela primeira vez, uma publicação jornalística não-impressa ganha um prêmio Pulitzer, o mais importante da imprensa americana.
O “ProPublica” ganhou o prêmio de “reportagem nacional” com um trabalho investigativo sobre a máquina de fazer dinheiro de Wall Street.

O ProPublica é uma instituição nova-iorquina não-lucrativa, sustentada por contribuições, anúncios e doações de fundações privadas.

O objetivo é expor os abusos de poder e produzir jornalismo que esclareça a exploração do fraco pelo forte e o fracasso dos poderosos em agir de acordo com a confiança em que neles foi depositada.

Trata-se, portanto, de um típico blog sujo.
O prêmio Pulitzer:

NATIONAL REPORTING: JESSE EISINGER AND JAKE BERNSTEIN, PROPUBLICA

“For their exposure of questionable practices on Wall Street that contributed to the nation’s economic meltdown, using digital tools to help explain the complex subject to lay readers.
A reportagem que deu o prêmio:
The Wall Street Money Machine

As investors left the housing market in the run-up to the meltdown, Wall Street sliced up and repackaged troubled assets based on those shaky mortgages, often buying those new packages themselves. That created fake demand, hid the banks’ real exposure, increased their bonuses — and ultimately made the mortgage crisis worse.
A missão do ProPublica:
The Mission
To expose abuses of power and betrayals of the public trust by government, business, and other institutions, using the moral force of investigative journalism to spur reform through the sustained spotlighting of wrongdoing.

Quem é o ProPublica:

ProPublica is an independent, non-profit newsroom that produces investigative journalism in the public interest. Our work focuses exclusively on truly important stories, stories with “moral force.” We do this by producing journalism that shines a light on exploitation of the weak by the strong and on the failures of those with power to vindicate the trust placed in them.
Investigative journalism is at risk. Many news organizations have increasingly come to see it as a luxury. Today’s investigative reporters lack resources: Time and budget constraints are curbing the ability of journalists not specifically designated “investigative” to do this kind of reporting in addition to their regular beats. This is therefore a moment when new models are necessary to carry forward some of the great work of journalism in the public interest that is such an integral part of self-government, and thus an important bulwark of our democracy.

-extraído dehttp://www.conversaafiada.com.br/mundo/2011/04/18/blog-ganha-maior-premio-americano-por-defender-os-fracos/ em 25/04/11

quinta-feira, 21 de abril de 2011

UMA BOA PÁSCOA PARA TODOS!

Antecipadamente, é o que deseja o nosso blog.

Que todos possam colher fortes e boas energias vitais nesse período de transição entre o que foi e o que virá a ser, entre o de que a terra se desfaz, para dar lugar ao novo, ao renascer, e aquilo que, por meio dela,  Força Superior  nos prepara. Forte e boas energias que nos possibilitem continuar na luta de cada dia.

Que possam conseguir serenidade bastante para utilizá-las com sabedoria, coragem suficiente para não represá-las em si, partilhando-as com seu próximo, semelhante, companheiro e irmão,  e devolvendo-as à terra, na forma do bom combate, tão necessário e imperativo, do qual não podemos fugir até mesmo por imperativo de gratidão.

Boa Páscoa, moçada bacana.

Com o melhor de nossos abraços!

Mateus Alves da Silva, pela Equipe do Coletivo Brasil 3000.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Algo ainda mais estranho na estória do senador Aécio, por mateus alves da silva

Eis o que diz a  Lei Nº 4.117 (Código Brasileiro de Telecomunicações) em seu art. 38, caput e parágrafo único:

Art. 38. Nas concessões, permissões ou autorizações para explorar serviços de radiodifusão, serão observados, além de outros requisitos, os seguintes preceitos e cláusulas: (Redação dada pela Lei nº 10.610, de 20.12.2002) (...)

Parágrafo único. Não poderá exercer a função de diretor ou gerente de concessionária, permissionária ou autorizada de serviço de radiodifusão quem esteja no gozo de imunidade parlamentar ou de foro especial. (Redação dada pela Lei nº 10.610, de 20.12.2002)

Eis os dados relativos ao contrato social da Rádio Arco-Íris (Jovem Pan de Belo Horizonte, conforme ùltima consolidação realizada em 30/11/2010*:


Como pode ser visto no documento acima, o total de R$200.000,00 do Capital Social da Rádio, está assim distribuído:

              R$ 102.000,00 pertencentes a ANDREA NEVES DA CUNHA (irmã do Senador e sócia gerente) 

R$88.000,00 pertencentes a AÉCIO NEVES DA CUNHA (o próprio)                  
               
R$10.000,00 pertencentes a INÊS MARIA NEVES FARIA (mãe do Senador)      

Não é difícil concluir que  o senador Aécio Neves (PSDB/MG) faz parte da diretoria da Rádio Arco-Íris (Jovem Pan de Belo Horizonte), detendo 44% das ações

É fato que sócio  não é necessariamente diretor. No caso, no entanto, em se tratando de uma sociedade de cotas limitada, com apenas 3 sócios, com quase metade das ações pertencendo ao senador tucano e com o restante pertencendo ao seu braço direito, ANDRÊA, irmã e uma espécie de primeira-ministra do senador, e a sua mãe, apenas um mero jogo de palaavras conseguiria destorcer a realidade, para ferir o espírito da lei.

Além do que, há nítida mistura patrimonial, onde se verifica, por exemplo, o uso pelo senador  do possante Land Rover, registrado em nome da rádio, no momento da blitz, ou seja, quando voltava do jantar com amigos (segundo a assessoria). 

Se não é diretor da rádio, não poderia estar usando esse veículo comercial da empresa para assunto pessoal.
Há nítidos contornos de sonegação fiscal nessa história, pois, no mínimo, estaria havendo abatimento de despesas pessoais na contabilidade da empresa, para não pagar imposto de renda. Ou ocultação de bens bens pessoais, incompatíveis com a renda e patrimônio declarados, colocados em nome da empresa.

Alô Ministério Público (Federal), vamos a fundo nessa estória.

* o extrato de contrato social da rádio pode ser melhor visualizado em: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdQQrxTwZq5GRF-m5ehwSTCxa_FOh97NUEojrYWkyzR8AYnHprwfutYWNxXgd3U_F9nlDYSaBoUQ92gfn4tOhRnKVLpge6J8sHWtMBiZV55C88-ejHABbLE5561ExFxEJAIbzKvUH9OypD/s1600/aecio_radio_arco_iris.png

terça-feira, 19 de abril de 2011

Algo de estranho na história do Senador Aécio Neves, por Mateus Alves da Silva

Segundo dados obtidos no https://wwws.detrannet.mg.gov.br/detran/conscnh.asp?IdServico=71,
por fonte do blog, eis os registros relativos à CNH do Senador Aécio Neves:


"Registro RENACH: 007315220-30 (Nº CNH Nova - c/ Foto)


N.Prontuário: 23624685-2 (Nº CNH Antiga - s/ Foto)

Formulário RENACH: MG976859424

Nome do Condutor: AECIO NEVES DA CUNHA

Data Impressão: 31/05/2010"
 
Checamos esses dados e conferem.
O leitor pode checá-los, bastando lançar o
Número da CNH do Senador (00731522030) e a Data de seu Nascimento (10/03/1960).

Ora, se a carteira foi impressa em 31/05/2010, como é que ela poderia estar vencida?
 
Há algo de estranho na estória contada pela assessoria. 
A mesma fonte do blog afirma que "ele mentiu, pois sua habilitação para dirigir foi renovada em 31/05/2010.


Desta forma, a apreensão de sua carteira de motorista não se deu por estar vencida. Foi pela recusa em fazer o teste do bafômetro para medir seu nível de teor alcoólico.

A imprensa ou comeu esta mosca ou quis proteger Aécio,tentando amenizar seu ato irresponsável da recusa no teste.

O que ele teria a esconder?"
 
Não sabemos.
 
Sabemos, no entanto, que, saindo de Minas Gerais, o Senador Aécio terá muito mais trabalho para manter a verdadeira blindagem da imprensa que ele conseguiu no Estado.
 
Blindagem que funcionou tanto a ponto de transformar uma administração quase  pífia, no mínimo, em motivo de badalação, em objeto de aprovação da massa ignara, que, aliás aprova as coisas sem o menor conhecimento de causa. Basta uma orquestração de mídia, como a que o grupo que ele representa fez e continua fazendo, valendo-se, inclusive, de perseguição a jornalistas, como a denunciada em nota de deputados, já publicada neste blog. .
 
Grupo que, aliás, está no governo do Estado de Minas Gerais há mais de 60 anos. O mesmo, servindo aos mesmos: mineradoras, bancos privados, agronegócio e só. E o Estado, fora da propaganda oficial, pobre, pobre de morrer de si.
Com mineradoras (de ouro, lítio, ferro, níquel, agua mineral, urânio etc) arrecadando menos de CEFEM em um ano que o Município de Campos-RJ arrecada com os royaties do Petróleo em 27 dias.
 
Pobre Senador Aécio, tão perdido, tão fraco. Tem mais é que ficar saindo e voltado tarde da noite. E tendo que inventar estórias que não fecham.
 
Vida desvalida essa.
 
Chega uma hora em que a personagem, de tão vivida,  assume o ator. E este já nem existe mais.
 

Nossos filhos, nossos netos, nossas escolas e nosso mundo, por Pedro Porfírio

A alienação cultivada criou um jovem ensimesmado e prisioneiro da busca individualizada

“Jovens completamente desinformados nunca ouviram falar de Vladimir Herzog ou João Goulart. Eles não têm culpa, a culpa é das elites que preferem omitir os fatos ou manipulá-los”.

Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor.

Agora que a tragédia da Escola Pública de Realengo vai sumindo da mídia, como soe acontecer no minguar de fatos novos e na indigência das últimas cenas, cabe-nos abrir a grande angular para alcançar esse universo vazio em que nossos filhos e nossos netos patinam ensimesmados na angústia de resolverem suas vidas sozinhos, na fogueira dos conflitos inflados pela individualização do triunfo.

Deploro do fundo d’alma que essas gerações imaturas tenham sido jogadas na modernidade mais farta em liberdades, em descontração e em conquistas tecnológicas sem que, ao mesmo tempo, salvaguardassem os valores mais nobres da natureza humana.

Ao contrário, a força potencializadora emanada dos incomensuráveis avanços no plano da informação e a liberalização saudável do corpo e da mente parece ter sido usada na determinação estratégica da bestialização imobilizadora dos focos susceptíveis à indignação e repulsa.

Mesmo admitindo que historicamente o envolvimento de jovens nas causas humanitárias, distantes do seu interesse pessoal, e na despojada contestação dos desatinos limitou-se a uma minoria mais esclarecida, é difícil hoje ver jovens mobilizados por puro idealismo, tal como naqueles idos em que se alçavam alguns até para condenar a câmera de gás que executou em 1960 Caryl Chessman, o bandido que se fizera escritor brilhante no corredor da morte de San Quentin, na Califórnia.

A grosso modo, é deprimente constatar uma insolente inversão dos papéis: é mais fácil ouvir o esperneio dos avós premidos nos limites de sua capacidade física do que o grito sonoro dos peitos juvenis.

O bullyng das agressões interpessoais

Esse processo insidioso de redirecionamento dos ímpetos de uma idade ainda não contaminada pelo pragmatismo arrivista está dando na formação de hordas de solitários ególatras, confinados num ambiente em que cada um deve tratar exclusivamente de si, sem qualquer elo com seus iguais: antes, aliás, mais propensos a tratarem de serem mais desiguais possíveis, sob pressão da idéia de que não há espaço para todos.

Isso leva inevitavelmente a descobrir futuros competidores no seu meio e a buscar a própria afirmação na exploração da eventual deficiência e na timidez dos outros. Essa síndrome de uma “agressividade competitiva inconsciente”, que se manifesta nas escolas de primeiro grau com maior frequência, com o nome importado de BULLYNG por repetir práticas da matriz cultural, está intrinsecamente ligada ao processo de recanalização do potencial rebelde dos jovens, sujeitos a perfis degenerativos.

Sabem as autoridades educacionais da proliferação de grupos de alto teor de agressividade, verdadeiras gangues, que impõem suas vontades com tal petulância que chegam a encurralar professores, sujeitando-os ao seu comando, inclusive na imposição de notas.

Gangues nas escolas e o silêncio dos mestres

Se o morticínio de Realengo expôs uma personalidade esquizofrênica e conscientemente envolvida na gestão de um ato brutal, seriam honestas a direções das escolas, sobretudo, infelizmente as públicas de áreas conflagradas, se tivessem coragem de coibir abusos de gangues, algumas auto-proclamadas como sob a proteção de bandidos de suas áreas.

De um modo geral, sem esperança de que um gesto possa produzir efeitos positivos, os professores calam mesmo quando são afrontados em plena sala de aula. Mas nenhum deles pode negar a existência de uma cultura de violência banalizada, coisa que não é exclusiva das periferias pobres. Em escolas de ricos é comum professores serem alvos de bolinhas de papel quando estão de costas para a turna.

Ali mesmo na capital federal não é rara a exibição de meninos de classe média na prática de atos perversos e nos conflitos intergrupais. Lá a proliferação de gangues de condomínios e de certas escolas é pública e notória.

Até uma pesquisa realizada no Rio de Janeiro mostrou o grau de insuficiência no trato com o bullyng. O Instituto INFORMA revelou, em matéria publicada com destaque por O GLOBO, um grande percentual de vítimas dessas práticas entre os 830 estudantes ouvidos. Curiosamente, nenhum dos entrevistados admitiu ter praticado ele próprio esse tipo de violência cada vez mais perversa.

Não seria forçado associar tais práticas aos trotes que ainda fazem parte da crônica juvenil. A única diferença é que esses parecem integrados ao currículo escolar, no processo de iniciação dos novos alunos, tal como acontece em algumas seitas e sociedades fechadas.

Jovens no descaminho manipulado

De fora do ambiente escolar, o progresso tecnológico da mídia e dos games se encarrega de oferecer insumos à substituição dos impulsos motivacionais, levando em última instância à forja de um jovem moderno “sem saco” para os atos que afetam o sistema de castas cristalizado através da pirâmide social intocável.

Em troca, os anabolizantes mentais oferecem a esse mesmo jovem sensações compensatórias, primeiro no plano da afirmação de um egoísmo hipertrofiado; num segundo momento, na indução a atitudes mais radicais, como o uso de drogas cada vez mais facilitado até mesmo por seus preços popularizados.

Os jovens se movem a pilhas novas, com cargas em excesso. Ao exacerbarem seus fins pessoais, correm o risco do próprio curto circuito. Assuntos pessoais, inclusive de ordem sentimental, são maximizados e viram torturantes cavalos de batalha. Há uma grande possibilidade de que o vírus narcisista se volte contra eles próprios, na medida em que seu egocentrismo não se realize em toda a sua plenitude.

O sistema opera igualmente a seleção prévia dos seus nerds, seus meninos prodígios que escapam às conturbações angustiantes da idade para ingressar na nova elite dirigente. Isso em função de um elemento excludente de natureza existencial, tão influente como os limites de classe.

Aí entra outra frustração construída. O acesso à Universidade se tornou mais fácil com as ofertas de um varejão escolar, mas isso não significa necessariamente emprego na área de formação.

Há uma irresponsabilidade visível na proliferação de faculdades de baixo rendimento, em condições de oferecer não mais do que o diploma. Só na área do Direito, mais de mil cursos. Comunicação Social, um segmento que se desvaloriza e se estreita de ano para ano, atrai milhares de garotos cheios de sonhos, tendo como referência, em especial, os espaços televisivos, fomentadores de expectativas de ordem profissional e existencial, e o endeusamento de alguns raros “gênios” da propaganda.

A família perdida na mudança de hábitos

O arco midiático reproduz de tal forma o modelo da matriz norte-americana que até os hábitos alimentares foram incorporados, com previsões pessimistas das autoridades de saúde: em 13 anos teremos o mesmo percentual populacional de obesos dos Estados Unidos.

As televisões incrementam a dependência cultural com a massificação de enlatados norte-americanos. Quase todos os quase cem canais a cabo são dos Estados Unidos e refletem seu modo de vida, seus problemas típicos, suas idiossincrasias recheadas de hipocrisias. Dos 2.150 filmes em média exibidos mensalmente, mais de 70%, realçam cenas de violência e de crimes, muitos com formatos didáticos.

O conflito de gerações tem novas conotações e não se limita ao culto da rejeição aos discursos “ultrapassados”. Há inversão de hábitos. Antes, o neto ia buscar o chinelo da avó. Agora é a pobre velhinha que se sujeita à tirania de uma garotada prenhe de auto-afirmação e de prazer personalíssimo.

A pressão do cotidiano eliminou a ceia em família. Já não se faz consulta aos velhos: a garotada já “nasce sabendo” ou prefere se informar na feira da internet. Suas relações ocorrem agora com maior intensidade no Orkut e no faceboock.

Pode-se dizer que os filhos passaram a pautar os pais ou a cultivarem suas agendas paralelas, infensas a qualquer palpite paternal.

A alienação que exacerbou o individualismo

Os jovens que um dia foram contestadores dos estados atrabiliários tendem agora ao choque familiar, mesmo sem a explicitação dos atritos. A carga de informação recebida dos meios eletrônicos substitui tudo, do pai ao pároco. Os antigos valores tornam-se jurássicos, a cultura nativa cede à hegemonia dos metaleiros e dos roqueiros que entram em suas veias no bojo de uma excessiva bateria de clipes alucinógenos, acolitados pela facilidade com que se pode baixar qualquer música do mundo pela internet.

Tudo isso decompôs o ideal juvenil, extirpou aquela velha premissa de que o sucesso pessoal dependia do avanço conjunto da sociedade. Alastra-se como axioma a compreensão de que é cada um por si e nada mais.

No mesmo diapasão, gerações aflitas de pais apegados ao ganha-pão, qualquer ganha-pão, vão deixando de ser referência na “concorrência” desleal dos mitos massificados, heróis de laboratório que são mais poderosos do que a figura paterna, modelares em um passado esquecido.

Em suma, para ficar por aqui, é plausível admitir que o sistema venceu no seu projeto alienante. Mas tudo que diz respeito à espécie humana carrega em si o seu contrário, a possibilidade de um desdobramento fora da programação.

Nossos filhos, nossos netos e nossas escolas já não incomodam o Estado das elites dominantes. Mas suas energias subsistem e se voltarão contra os seus, os parceiros e até mesmo contra os próprios. É aí que reside o núcleo de aberrações traumáticas, como que gerou a tragédia da Escola Pública de Realengo.

- recebido em 19/04/11
-publicado originalmente no www.porfiriolivre.info

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cuba e a repórter da Folha: quem afunda?, por Gilson Caroni Filho

17/4/2011 2:22, Rio de Janeiro


Cuba é um dos pilares do Comunismo no mundo

Alaine Gonzáles e Reinel Herrera são trabalhadores autônomos cubanos. Ambos foram escolhidos pela jornalista Flávia Marreiro, enviada especial da Folha de S. Paulo a Havana, como personagens errantes de uma economia em frangalhos. Seguindo um padrão de cobertura vigente há 50 anos, a repórter elabora um texto com pouca informação e direcionamento enviesado, não somente sobre o país, no sentido político e econômico, mas principalmente sobre o povo, sua história, sua cultura e seus hábitos.

A enorme propaganda orquestrada contra o regime cubano acabou por criar, como subproduto previsto e planejado, uma imagem distorcida sobre os habitantes da Ilha, apresentados ora como guerrilheiros ferozes, desconhecedores de fronteiras, ora como prisioneiros, tristes e infelizes, de uma ditadura. É compreensível o sucesso desse tipo de campanha, quando se avalia o poder da rede de comunicação capitalista.

É natural que o jornalismo nativo não possa perceber a dinâmica que se apresenta aos seus olhos. Se Flávia Marreiro conseguisse se desvencilhar da viseira ideológica, talvez conseguisse enxergar os personagens com outras roupagens e expectativas. Alaine e Reinel, como o restante do povo cubano, têm consciência das suas dificuldades. Por outro lado, crêem na revolução porque sabem que são participantes ativos de um processo tão rico quanto denso. Não se sentem impotentes diante dos problemas: reclamam e atuam dentro de uma estrutura política que lhes permite, independentemente do poder econômico ou dos conchavos políticos, resolver problemas que os afligem.

Como cidadão esclarecido, bem informado e politizado, o cubano é o verdadeiro crítico do regime. Critica e aponta saídas. Trabalha e, quando a nação necessita da sua presença, lá está ele, pronto para defender sua revolução com o seu próprio sangue. Aqueles que não quiseram trabalhar pela coletividade ou que sequer queriam trabalhar se foram pelo Porto Mariel, iludidos pela falsa propaganda que vinha dos Estados Unidos, onde pensavam encontrar dinheiro fácil. Flávia chegou tarde, com uma pauta envelhecida.

Nem Alaine, nem Reinel Herrera viveram os problemas da etapa anterior a 1959, quando o desemprego era superior a 16,4% e o subemprego estava em torno de 34,8%. Eles já vieram ao mundo num país de – praticamente- pleno emprego. Também não conviveram com as taxas de analfabetismo de 23,6%, nem com o sistema escolar que, de 100 crianças matriculadas nas escolas públicas, deixava 64 no meio do caminho, sem terminarem o 6º ano. Hoje, apesar de todos os problemas, a taxa de analfabetismo não chega a 3% e não existem crianças em idade escolar sem colégio.

Com uma assistência médica nacionalizada, nenhum dos dois conheceu o pais que concentrava 65% da população nas áreas urbanas, que tinha 70% da indústria farmacêutica controlados por empresas estrangeiras, em que a expectativa de vida era de 62 anos e a mortalidade infantil de 40 por mil nascidos vivos. Já a mortalidade materna era de 118,2 por 10 mil nascidos. Esses dados, por certo, não estão no departamento de pesquisa dos jornais dos Frias, Marinhos e Mesquitas. Flávia, a nossa brava repórter, talvez não disponha de outras informações que lhe seriam de extrema utilidade na cobertura da reunião do Partido Comunista Cubano.

Antes da revolução, menos de 2,5 mil proprietários possuíam 45% das terras do país e 8% das fazendas concentravam 71% da área disponível. Até 1959, somente 11,2% dos trabalhadores agrícolas tomavam leite, 4% comiam carne,1% consumia peixe. Na Cuba de Alaine e Herrera, o consumo de leite e carne é superior a todos os outros países do continente. Se nos anos 1980, quando os dois entrevistados nasceram, a implementação do processo revolucionário continuava, foi a década de 1960 que abriu caminho ao desenvolvimento econômico e, sobretudo aquela em que se resistiu às agressões armadas, bombardeios e à tentativa de invasão norte-americana que definiu o caráter socialista da revolução.

Todo o conjunto de medidas políticas e econômicas custou a Cuba o bloqueio econômico e diplomático imposto pelos Estados Unidos. A situação voltaria a se agravar após o fim da URSS e do bloco socialista, mas o colapso tão esperado pelo Império e seus sócios não veio.

O sistema econômico procurou proporcionar o desenvolvimento e o crescimento do país de uma forma igualitária. Ernesto Che Guevara, quando ministro da Indústria, ilustrou bem qual a diferença entre sistema econômico e desenvolvimento. Para ele, um anão enorme com tórax enchido é subdesenvolvido, porque seus curtos braços e débeis pernas não se articulam com o resto de sua anatomia. É produto de um desenvolvimento teratológico que distorceu suas formações sociais. A descrição sobre o restante da América Latina não podia ser mais precisa.

Se, de fato, o Partido decidir demitir 500 mil funcionários, enxugar o Estado e aumentar a produtividade, como relata a grande imprensa, a anatomia cubana não permite vislumbrar um mergulho na lógica fria dos ditames do mercado. A perspectiva que só a história dá, para avaliar em toda a sua dimensão, os erros e acertos, o processo que implantou, pela primeira vez, o socialismo na região, mostra um organismo social saudável, preparado para mudanças necessárias.

O célebre “mudamos ou afundamos” atribuído a Raul Castro não é, como supõe a matéria da Folha, a expressão dramática de uma situação. As crises permanentes que a revolução atravessou, impostas para fazê-la fracassar, fizeram com que a retificação de rumos e a concepção de novas idéias se tornassem elementos constitutivos da nação caribenha. Fátima Marreiro pode ter uma certeza: Cuba não afundará.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Correio do Brasil, do Jornal do Brasil e Observatório da Imprensa.

- extraído de http://correiodobrasil.com.br/cuba-e-a-reporter-da-folha-quem-afunda/230430/ em 18/04/11

domingo, 17 de abril de 2011

Aécio Neves dirigia com carteira vencida e se recusou a fazer o teste do bafômetro


Senador estava com habilitação vencida e não fez o teste do bafômetro



Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) teve a carteira de habilitação (CNH) apreendida na madrugada deste domingo durante uma blitz da Operação Lei Seca na avenida Bartolomeu Mitre, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. Segundo a Secretaria de Estado de Governo do Rio, Aécio estava com o documento vencido e optou por não fazer o teste do bafômetro.

Ainda de acordo com a secretaria, o ex-governador de Minas Gerais foi multado em R$ 957,70 e liberado após chamar um taxista para dirigir seu carro, uma Land Rover.

Confira a íntegra da nota divulgada pela assessoria:

"A assessoria de imprensa do senador Aécio Neves informa que:

Na noite deste sábado para domingo (17-04-11), o senador Aécio Neves jantou nas redondezas de seu apartamento no Rio de Janeiro.

Ao retornar à sua residência, foi abordado durante blitz policial quando foi constatado o vencimento da validade do seu documento de habilitação como motorista.
Em respeito à legislação vigente, o senador entregou a habilitação ao agente e, seguindo as orientações recebidas, providenciou um condutor habilitado - um taxista que se encontrava no local - que dirigiu seu veículo até sua residência a poucos quarteirões.

Com relação às notícias veiculadas sobre o uso ou não do bafômetro, essa assessoria informa que, uma vez constatado o vencimento do documento de habilitação e providenciado outro motorista para condução do veículo, o mesmo não foi realizado.

O senador cumprimentou a equipe policial responsável pelo profissionalismo e correção na abordagem feita aos motoristas durante a blitz."

Com informações do Jornal do Brasil.

extraído de http://noticias.terra.com.br/brasil/transito/noticias/0,,OI5081678-EI998,00-Rio+Aecio+tem+habilitacao+apreendida+em+blitz+da+Lei+Seca.html


Em tempo:

A nota da Assessoria do Senador, divulgada conforme acima, é um primor de cinismo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Gestão do Bradesco/ Roger Agnelli na Vale, por Instituto de Estudos Contemporâneos

O Bradesco participou do processo de privatização, como avaliador, da Companhia Vale do Rio Doce, e pela lei das privatizações não poderia participar do leilão de sua venda.

Naquele trabalho de avaliador oficial valorou simbolicamente os direitos de pesquisa e extração das reservas de minério que a empresa detinha, estimadas em mais de 400 anos de extração, e pouco tempo depois do leilão - de uma forma a enganar as normas daquele processo – o Bradesco, associado ao capital também paulista da Camargo Correa e da Votorantim, comprou a agora “moderna e eficiente” Vale, colocando um executivo do banco na frente da empresa: Roger Agnelli.

Começou, então, a época dos lucros astronômicos e a empresa avaliada pelo Bradesco em 3 bilhões de reais gerou, só em 2010, um lucro de 30 bilhões, lucros este e os anteriores, obtidos pela compra das demais mineradoras mineiras para exercício de um quase monopólio, tarefa ilegalmente facilitada pelo anterior domínio da logística de transporte ferroviário em nosso Estado.

E os imensos lucros obtidos, foram acrescidos pelo pagamento incorreto da Compensação Financeira de Exploração Mineral (Cefem), tendo hoje a Vale uma dívida avaliada em R$ 4,5 bilhões de reais, mantida através do uso de artifícios legais, não justos nem justificáveis, para quem se gaba de tão excelentes resultados, ou para quem trata com tanta rigidez seus devedores como o Bradesco.

Desses 4,5 bilhões que a Vale deve, 12% correspondem à União (em torno de 500 milhões de reais); 23 % aos estados mineradores, em especial Minas e Pará (algo em torno de 1bilhão de reais) e 65 % aos municípios onde ocorrem as explorações (a bagatela de uns 3 bilhões de reais). É bom lembrar que aquele altíssimo valor da dívida se refere ao pagamento dos ridículos royalties (Cefem) de 2% do minério explorado – correspondem na verdade a 1,2% do valor bruto - taxa que a empresa tenta nos confundir como se imposto fosse.

Para dominar a logística ferroviária e dar preferência ao transporte de seu minério, em detrimento de nosso aço, a Vale, mesmo já tendo recebido na sua aquisição subavaliada a Ferrovia Vitória-Minas, adquiriu - também contra as regras da privatização - as ferrovias MRS e FCA, que cruzam nosso estado e suas minas, levando para os portos do Rio e Vitória sua carga preferencial, o minério, de onde, com isenção de ICMS em Minas, os exporta para abastecer o mercado siderúrgico asiático, que depois nos retorna à la tribos aculturadas, radinhos de pilha, bugigangas tipo piorras e lanternas, ou nos manda aço a competir incentivados com a onerada produção nacional, aí sim, de impostos.

Num modelo perverso com os estados mineradores, na única vez que investe numa siderúrgica no Brasil, associada à Thyssen, a Vale dos paulistas Bradesco, Camargo Correa e Votorantim, com minério retirado de Minas, vai fabricar aço no Rio.
Uma das minas de extração da Vale.
Barragem de rejeitos da vale em Mariana-MG (Brasil)


A empresa Vale, querida do mercado e da imprensa, deixa nos estados minerados buracos e estradas destruídas, rios poluídos e assoreados e em Minas, não bastasse o rombo no ridiculamente baixo Cefem, leva a custo zero, transpondo bacias e divisas estaduais, água para transportar seu minério através de minerodutos (1.000 litros de água para cada 60 quilos de minério), enquanto uma usina hidroelétrica da Cemig paga 6.75% de Cefem pela água usada para gerar energia, água esta integralmente devolvida à natureza no seu próprio local de uso. Em seu portal, aquela empresa diz captar por ano 16,5 milhões de m³ de água na região de suas minas em nosso Estado. Lembrando mais uma vez, a custo zero!
Rio após Mina do Fazendão em Santa Bárbara-MG (Brasil)



Para recompensar sua destruição em Minas, na nossa sofrida região da Serra do Espinhaço, a empresa do Bradesco faz ações de preservação em fazendas do Espírito Santo, e em seu portal se vangloria de fazer replantio de Mata Atlântica em mais de 1.000 propriedades rurais daquele Estado, onde também mantém reservas florestais em terras adquiridas a baixíssimos custos, pois já definidas pela topografia como impedidas à atividade econômica. Não é preciso tanto MBA para traçar estas práticas, no mínimo desonestas, com os municípios onde atua a Vale em Minas, minerando e captando água.
- Reserva ambiental da Vale no Espírito Santo


Direciona também para o Rio e São Paulo a imensamente maioria de seus incentivos culturais. Afinal, ali tem a visibilidade e apoio na grande imprensa nacional, principalmente quando fartamente beneficiadas de publicidade. Em seu portal a Vale informa que é em seu escritório de São Paulo que define os patrocínios que dará, patrocínios que direciona não aos projetos das destruídas zonas de sua atuação, mas - também dados de seu portal - à preservação ou manutenção no Rio de Janeiro do Cristo Redentor, do Teatro Municipal, da Orquestra Sinfônica Brasileira, do Museu da Casa do Pontal... Em Minas e no Pará pouquíssimas ações, irrisórias se comparadas às feitas nos estados já citados.
A vale cuidando do Cristo Redentor.
_ E do Teatro Municipal no Rio de Janeiro




Pobres Minas e Pará, estados onde mais atua a Vale. Pudessem ter a Petrobras a extrair petróleo teriam uma compensação pela extração oito vezes maior na alíquota, 100 vezes maior no valor arrecadado. E um passivo ambiental incalculavelmente menor.

Pague a Vale/Bradesco o que deve e aja como uma empresa responsável com o país e comunidades onde atua, em vez de - destruidora por natureza – se colocar como defensora do Meio-Ambiente, como constantemente faz na região minerada – veja-se a pérola do out-door que coloca nas estradas no entorno de suas minas, para quem diariamente retira das nossas nascentes – dados extraídos do seu portal – mais de 50.000 m³ ou 50 milhões de litros de puríssima água, 100% potável, quando não mineral, e a custo zero!


- Buscando pontos em Campanha de Responsabilidade Social


Confiando que o novo Presidente da Vale seja um homem comprometido com o lucro, mas também com o Brasil, além de honesto, portador da civilidade e educação não encontradas na gestão que se vai, esperamos estar começando um novo tempo desta empresa que vive da exploração de recursos naturais, tempo menos predador, tempo de civilidade para com os que tem o azar de os ter por perto, ou são obrigados a passar pelas estradas onde atuam.

Acorda Brasil! Acordem Minas e Pará! Acordem Congonhas do Campo, Sabará, Ouro Preto, Mariana, Conceição do Mato Dentro, Paraupebas, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo...!

Como alerta de como temos tratado nossas riquezas, segue abaixo a atualidade de um trecho retirado do Manifesto dos Mineiros, escrito em 1945, na busca de uma liberdade responsável que nós brasileiros sempre almejamos ter:

“Num tom de conversação em família - família numerosa, porém unida e solidária -, queremos recordar aos mineiros que o patrimônio moral como o espiritual não sobrevive ao desleixo. Os bens materiais arruinam-se e se perdem quando a diligência do dono não se detém sobre eles. As conquistas espirituais também se perdem quando o homem as negligencia, por lhe parecer assegurada a sua posse”

Seguem fotos ilustrativas da nefasta gestão de um executivo do Bradesco na exploração das riquezas minerais de nosso povo.

Instituto de Estudos Contemporâneos
 

- Embarrelando estradas

- Destruindo placas de sinalização (repõe?)

- Manutenção (no barro) da BR 040 em frente a uma de suas minas
-  
_ recebido em 13/04/11, para publicação. Obs. as legendas das fotos foram incluídas pelo Blog, segundo informações do remetente que as acompanharam.
- Em tempo:

Nosso Coletivo Brasil publica, em primeira mão,  a matéria acima , cumprindo seu compromisso de não fugir ao debate nacional.

Além do que, externa mais uma vez sua preocupação com os assuntos ali abordados, notadamente com o que envolve a exploração mineral, no Estado de Minas Gerais e em todo o país, a qual, controlada por verdadeiros cartéis oligopólizados, tem sido uma das maiores vias de exploração do patrimônio brasileiro por grupos internacionais e nacionais apátridas, vinculados àqueles, de forma subalterna.

Basta ver, em relação a isso, o cerco que conseguem em torno da legislação tributária, estabelecendo e mantendo alíquotas de impostos absolutamente insignificantes sobre essa exploração, como é o caso da CEFEM*, equivalente a apenas 2% do valor do minério explorado e que corresponde, na verdade, a cerca de 1,2% do valor bruto.

Daí porque, conforme já denunciado neste Blog, por exemplo, em todo o Estado de Minas Gerais, onde se extrai ferro, ouro, níquel, lítio, água mineral etc, abundantemente, não se arrecada a esse título nem mesmo o equivalente ao que se arreacada no Espírito Santo com a sua quase insignificante exploração de petróleo (cujos royalties, exatamente por serem pagos pela Petrobrás, uma estatal, são muito maiores, agregados de taxa especial).

Há, a nosso ver, um nítido acordo entre as mineradoras vampirescas e a classe política brasileira, sobretudo dos estados onde mais atuam, no sentido de não se mexer na CEFEM ou nos tributos correlatos.
Quantos políticos de esquerda, centro ou de direita, já vimos tratando dessa questão?

Além do mais, segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a Vale deve cerca de 5 bilhões de reais por conta desse tributo (fonte: http://adamrs.wordpress.com/2011/04/01/mineradoras-reclamam-da-compensacao-financeira-cefem/)


PROMOVA ESSE DEBATE. AS FUTURAS GERAÇÕES DE BRASILEIROS TÊM DIREITO A ELE.


* Compensação Financeira pela Exploração de Recurso Mineral, taxa de royalties recolhida em cima de valores praticamente estimados do minério explorado, com destinação de 65%  o Município, 23% para o Estado e 12% para a União.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Submissão ao império latrogenocida, por Adriano Benayon

Publicado em A Nova Democracia, nº 76, abril de 2011

Adriano Benayon * – 23.03.2011

Em reuniões nas quais se canta o Hino Nacional, vemos comoventes sentimentos de solidariedade nacional, embora as pessoas ignorem que o Brasil está perdendo as últimas expressões de independência.

2. A parte do mais consciente do povo desaprova a submissão dos poderes da República ao império mundial, mas predomina a passividade no grosso da população, anestesiada pelas redes de televisão e demais fontes da alienação. Pior: muitos percebem a submissão e a aceitam como natural.

3. A Nação acaba de assistir, com grande cobertura dos meios de comunicação de massa, ao espetáculo deprimente da visita de Obama ao Brasil.

4. Com medo de incidentes e demonstrações contrárias, ele desistiu de falar na Cinelândia diante do povo, não obstante os serviços de segurança norte-americana terem tido carta branca, em todos os lugares do Brasil por onde passou o relações-públicas do império, para ocupar e controlar esses lugares durante o tempo que quisessem.

5. Entre os copiosos vexames e pisoteios à dignidade nacional, ministros e outras autoridades “brasileiras” foram revistados por policiais dos EUA.

6. Passando para os assuntos substantivos, o “governo brasileiro” firmou uma dezena de acordos com o governo norte-americano, como se o Brasil já não estivesse amarrado a acordos bilaterais e multilaterais grandemente lesivos aos seus interesses.

7. Apressou-se, ainda, com a colaboração não menos subserviente do Congresso, em fazer com que este ratificasse acordos assinados há mais tempo, como o de transporte marítimo entre o Brasil e os Estados Unidos, assinado em Washington em setembro de 2005.

8. Esse tratado permite que navios norte-americanos transportem cargas reservadas brasileiras, ao excluir da reserva as cargas a granel e as transportadas entre portos ou pontos do território de um dos dois países. Ele fora aprovado na Câmara dos Deputados e estava pendente na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.

9. Ali a relatora, Gleisi Hoffmann (PT-PR), recomendou a aprovação, louvando-se na contraditória opinião da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ - (mais uma agência criada sob o modelo Washington-FHC), segundo a qual o pacto não acarretará perdas de fretes para as empresas brasileiras de navegação.

10. Em suma, uma visita oficial em que o Estado-cliente, saqueado em seus recursos naturais, humanos e financeiros, presta vassalagens ao Estado imperial. Por toda parte, tapetes vermelhos em homenagem ao estafeta dos banqueiros de Wall Street e do complexo industrial-militar.

11. No caso, pode-se dizer que os tapetes vermelhos simbolizam o sangue de milhões de seres humanos massacrados, mundo afora, pelo império e seus coadjuvantes.

12. No mesmo instante vítimas de mais um latrogenocídio estavam sendo atingidas na Líbia pelos mísseis das FFAA do império formado pelos EUA e Reino Unido, com a ajuda de um satélite, a França, como foram antes as vítimas imoladas com as bombas de urânio e outras armas de destruição em massa na Sérvia, no Iraque, no Afeganistão e em n outros países.

13. Por aqui, por enquanto, trata-se do sangue de martirizados sem agressão militar, mas por meio da política econômica do governo e do Banco Central, que outra coisa não faz senão desnacionalizar, desindustrializar a economia e favorecer os bancos e empresas oligopolistas e monopolistas.

14. Essa política, entre os danos que causa ao País no interesse das transnacionais financeiras e industriais estrangeiras, não controla nem preços nem quantidades dos minérios e outros recursos naturais estratégicos e preciosos que saem do País.

15. Através desse esquema, o Brasil acumula saldos negativos nas transações correntes com o exterior e paga conta anual de juros cada vez mais pesada na dívida externa, bem como a dos juros mais altos do Mundo na dívida interna.

16. É insensatez justificar os rapapés aos agentes imperiais em nome de acenos destes, ao dizer que vêem com bons olhos a pretensão de o Brasil tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

17. Primeiro, são meros acenos. Segundo, de nada vale o suposto prêmio à maior subserviência. Seria só pretenso prestígio para um governo que tributa seu povo em favor do estrangeiro. Seria honra vazia, enquanto o País se desindustrializa e está destituído de poder militar num mundo em que só a força assegura direitos.

* Adriano Benayon, doutor em economia, autor de “Globalização versus Desenvolvimento”.

- recebido para republicação em 12/04/11

domingo, 10 de abril de 2011

petição eletrônica em favor de Bradley Manning, da comunidade Avaaz.org

Caros amigos,

O delator do Wikileaks, Bradley Manning, está sendo sujeitado a uma tortura brutal na prisão militar dos EUA, como parte de um esforço para silenciar e intimidar qualquer futuro delator. O governo está dividido em relação ao abuso de Manning. O Presidente Obama se preocupa com a reputação global dos EUA -- uma petição massiva poderá pressioná-lo a parar a tortura:
Agora mesmo Bradley Manning, o delator do Wikileaks, está sendo torturado em uma prisão militar nos Estados Unidos. O Manning está sendo sujeitado ao isolamento absoluto, tática que pode enlouquecer a pessoa, com curtos períodos por dia onde ele é totalmente despido e abusado verbalmente pelos outros presos.

O Manning está aguardando julgamento por liberar documentos militares secretos ao Wikileaks, incluindo o vídeo dos soldados americanos massacrando civis iraquianos. Este tratamento brutal parece ser parte de uma campanha de intimidação para silenciar qualquer delator e derrubar o Wikileaks. O governo dos EUA está dividido sobre este assunto com diplomatas criticando publicamente o exército pelo tratamento do Manning, mas com o Presidente Obama ainda alheio ao caso.
O Obama se preocupa com a reputação global dos EUA -- nós precisamos mostrar para ele o que está em jogo. Vamos gerar um chamado global massivo ao governo dos EUA pedindo o fim da tortura de Manning e observação da lei. Assine a petição abaixo -- a nossa mensagem será entregue através de anúncios ousados e atos públicos em Washington DC assim que conseguirmos 250.000 assinaturas:
https://secure.avaaz.org/po/bradley_manning/?vl
No papel, os EUA são contra a tortura. A constituição do país proíbe “punições cruéis e incomuns”. E junto com outras centenas de países, os EUA assinaram a convenção internacional que promete tratar todos os prisioneiros “com humanidade e respeito pela dignidade inerente da pessoa humana”. Mas hoje o Bradley Manning está completamente isolado na sua cela, sem lençóis, sem poder se exercitar e sendo sujeito à humilhação brutal que está causando danos psicológicos sérios. Isso viola a lei internacional e dos Estados Unidos.
Bradley está sendo mantido sob o status de “prevenção de danos” apesar de 16 relatos de profissionais de saúde mental do exército declararem que ele deve ser removido destas condições severas. Os seus advogados estão tentando garantir os seus direitos humanos e constitucionais básicos nos tribunais, mas por enquanto o tribunal militar responsável pelo destino do Bradley ignorou o seu sofrimento.

Desde as revelações explosivas dos crimes militares dos EUA no Afeganistão e Iraque, e outros numerosos cabos diplomáticos, houve uma perseguição ao Wikileaks. Muitos especulam que esta pressão brutal sobre o Bradley tem a intenção de forçá-lo a comprometer o fundador do Wikileaks Julian Assange. Porém, o Obama prometeu ao mundo e aos EUA que ele iria proteger e não perseguir delatores:

"Geralmente a melhor fonte de informação sobre desperdício, fraúde e abuso nos governos vem de um funcionário do governo comprometido com a integridade pública que está disposto a fazer uma denúncia. Estes atos de coragem e patriotismo, que às vezes salvam vidas e geralmente economizam verbas públicas, deverão ser incentivados e não amordaçados.”

O tratamento cruel do Bradley é o contrário, ele manda uma mensagem tenebrosa a outros que queiram expor informações importantes. Vamos agir rapidamente para colocar pressão internacional sobre os Estados Unidos, para eles honrarem o seu compromisso com os direitos humanos e a proteção de delatores, acabando com este tratamento cruel e chocante de seu próprio cidadão. Assine a petição agora:
https://secure.avaaz.org/po/bradley_manning/?vl
O Bradley Manning diz que é um patriota e admite ter liberado informações que ele sentiu que o mundo tinha o direito de saber. Mesmo para as pessoas que discordam com o Wikileaks e os méritos ou deméritos daqueles que entregam informações para eles, a tortura ilegal do Bradley Manning, que ainda não foi a julgamento nem foi condenado por nenhum crime, é uma violação vergonhosa dos direitos e dignidade humana.

Com esperaça e determinação,
Emma, Ricken, Pascal, Janet e toda a equipe da Avaaz.org
 
 
Recebido em 10/04/11

O prisioneiro Bradley Manning, por Ivan Lessa

Ivan Lessa

Colunista da BBC Brasil

Soldado americano. Pai, idem. Mãe do País de Gales. 23 anos. 1,57 de altura. Fosse na Brasil teria o apelido de “Tampinha”. Mas é e foi nos Estados Unidos da América do Norte.

Vocês conhecem. Aquele do Obama no Municipal no Rio, no Iraque, no Afeganistão e na prisão de Guantánamo, que ele prometeu fechar e não fechou. Obama não é uma pessoa coerente. Obama nesses seus anos de mandato não tem uma única frase ou feito memorável. O mesmo não acontece com o soldado Bradley Manning.
Bradley Manning está preso desde maio do ano passado em condições dignas daquilo que eles mesmos, americanos, chamavam de Terceiro Mundo. Por que Bradley Manning está detido no que é chamado lá por eles de “prisão provisória”? Porque foi o homem que passou para o messiânico “demônio louro” (se não for uma contradição em termos) Julian Assange 250 mil comunicados diplomáticos contando, entre eles, com o notório, e mais que divulgado (conferir no YouTube), vídeo da – não há outra palavra – execução de oito civis iraquianos, entre os quais duas crianças, por soldados americanos sob instruções de um helicóptero. Foram-se oito iraquianos de maior idade ao todo.

A cena, com legendas, foi mostrada pela televisão britânica num documentário da televisão comercial, a ITV, preparado pelo esplêndido jornalista e escritor australiano John Pilger. A horripilante sequência abria o filme. Legendas nas cenas de “combate”, para ficar bem claro. Lá estão aqueles maneirismos militares a que estamos acostumados, graças ao cinema e à televisão. Tudo em meio a muita galhofa. Roger, over, out, copy that e, na ordem vital, ou letal, a sentença vinda dos ares : “Light 'em all up. Shoot.” (Mais ou menos, “Acendam eles todos. Atirem.”) Atiraram. Foram acesos os iraquianos e as duas crianças.
Bradley Manning não negou ter sido a fonte do vazamento. Sofreu a tal sentença provisória que já dura bom tempo. Não sem antes o porta-voz P.J. Crowley, da secretária de Estado, Hillary Clinton, ter declarado sabiamente que Manning não fora declarado culpado de crime algum e que sua prisão era “contraprodutiva e estúpida”. Crowley foi forçado a se demitir. Claro. Bradley Manning está preso em condições mais que divulgadas, todas dignas da mais cruenta das ditaduras.
Abaixo, a frio e a seco, o seu dia a dia. Sublinho que, se alguém conferir no YouTube, verá nos comentários uma vasta proporção a favor do regime de prisão imposto a Manning.
O soldado americano Bradley Manning, detido em Quantico, onde está situado também o FBI, sem julgamento ou condenação, não tem permissão para se exercitar em sua cela durante o dia. Não tem o direito à posse de coisa alguma.
É proibido de conversar com os guardas seus carcereiros. A cada cinco minutos, é obrigado a responder se se encontra bem e em forma. Se voltar a face para a parede durante o sono é prontamente acordado.
Bradley Manning, que, incrivelmente, ainda mantém um senso de humor, apontou para o fato de que ele poderia, se quisesse, se injuriar com suas cuecas, no que estas foram de imediato retiradas.
Só lhe são permitidas, por uns poucos minutos, visitas aos sábados e domingos. O resto da semana são 23 horas por dia de cela. Recebe ainda uma dose diária de antidepressivos.

O presidente Barack Obama não visitou qualquer delegacia ou prisão no Rio ou em Brasília. Sua senhora, a primeira-dama Michelle Obama, lidera uma campanha contra a obesidade entre crianças.
 
-extraído de http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/03/110321_ivanlessa_tp.shtml

A revista da Globo mentiu: relatório da PF não prova o mensalão

O escândalo do mensalão voltou à cena. Em páginas recheadas de gráficos, infográficos, tabelas e quadros de todos os tipos e tamanhos, a revista Época anunciou, na edição que chegou às bancas no sábado 2, ter encontrado a pedra fundamental da mais grave crise política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2005 e 2006.
Por Leandro Fortes, na CartaCapital


Com base em um relatório sigiloso da Polícia Federal, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, a semanal da Editora Globo concluiu sem mais delongas: a PF havia provado a existência do mensalão e o uso de dinheiro público no esquema administrado pelo publicitário Marcos Valério de Souza.

Outro aspecto da reportagem chamava atenção: o esforço comovente em esconder o papel do banqueiro Daniel Dantas no financiamento do valerioduto. Alguns trechos pareciam escritos para beatificar o dono do Opportunity, apresentado como um empresário achacado pela sanha petista por dinheiro.

As provas do descalabro estariam nas 332 páginas do inquérito 2.474, tocado pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, da Divisão de Combate a Crimes Financeiros da PF e encaminhado ao ministro Joaquim Barbosa, relator no STF do processo do “mensalão”. Inspirados no relato de Época, editorialistas, colunistas e demais istas não tiveram dúvidas: o mensalão estava provado. Estranhamente, a mesma turma praticamente silenciou a respeito dos trechos que tratavam de Dantas.

Infelizmente, os leitores de Época não foram informados corretamente a respeito do conteúdo do relatório escrito, com bastante rigor e minúcias, pelo delegado Zampronha. Em certa medida, sobretudo na informação básica mais propalada, a de que o “mensalão” havia sido confirmado, esses mesmos leitores foram enganados. Não há uma única linha no texto que confirme a existência do tal esquema de pagamentos mensais a parlamentares da base governista em troca de apoio a projetos do governo no Congresso Nacional.
Ao contrário. Em mais de uma passagem, o policial faz questão de frisar que o inquérito, longe de ser o “relatório final do mensalão”, é uma investigação suplementar do chamado “valerioduto”, solicitada pela Procuradoria Geral da República, para dar suporte à denúncia inicial, esta sim baseada na tese dos pagamentos mensais.

Trata, portanto, da complexa rede de arrecadação, distribuição e lavagem de dinheiro sujo montada por Marcos Valério. Zampronha teve, inclusive, o trabalho de relatar como esse esquema a envolver financiamento ilegal de campanha e lobbies privados começou em 1999, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, e terminou em 2005, na administração Lula, após ser denunciado pelo deputado Roberto Jefferson, do PTB.

Ao longo do texto, fica clara a percepção do delegado de que nunca houve “mensalão” (o pagamento mensal a parlamentares), mas uma estratégia mafiosa de formação de caixa 2 e que avançaria sobre o dinheiro público de forma voraz caso não tivesse sido interrompida pela eclosão do escândalo.
Na quarta-feira 6, CartaCapital teve acesso ao relatório. Para não tornar seus leitores escravos da interpretação exclusiva da reportagem que se segue, decidiu publicar na internet (www.cartacapital.com.br) a íntegra do documento. Assim, os interessados poderão tirar suas próprias conclusões. Poderão verificar, por exemplo, que o delegado ateve-se a identificar as fontes de financiamento do valerioduto. E mais: notar que Dantas é o principal alvo do inquérito.

Ao contrário do que deu a entender a revista Época, não se trata do “relatório final” sobre o mensalão. Muito menos foi encomendado pelo ministro Barbosa para esclarecer “o maior escândalo de corrupção da República”, como adjetiva a semanal. Logo na abertura do relatório, Zampronha faz questão de explicar – e o fará em diversos trechos: a investigação serviu para consolidar as informações relativas às operações financeiras e de empréstimos fajutos do “núcleo Marcos Valério”.
Em seguida, trata, em 36 páginas (mais de 10% de todo o texto), das relações de Marcos Valério com Dantas e com os petistas. À página 222, anota, por exemplo: “Pelos elementos de prova reunidos no presente inquérito, contata-se que Marcos Valério atuava como interlocutor do Grupo Opportunity junto a representantes do Partido dos Trabalhadores, sendo possível concluir que os contratos (de publicidade) realmente foram firmados a título de remuneração pela intermediação de interesse junto a instâncias governamentais”.

O foco sobre Dantas não fez parte de uma estratégia pessoal do delegado. No fim do ano passado, a Procuradoria Geral da República determinou à PF a realização de diligências focadas no relacionamento do valerioduto com as empresas Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazônia Celular. As três operadoras de telefonia, controladas à época pelo Opportunity, mantinham vultosos contratos com as agências DNA e SMP&B de Marcos Valério.

Zampronha solicitou todos os documentos referentes a esses pagamentos, tais como contratos, recibos, notas fiscais e comprovantes de serviços prestados. A conclusão foi de que a dupla Dantas-Valério foi incapaz de comprovar os serviços contratados.

As análises financeiras dos laudos periciais encomendados ao Instituto Nacional de Criminalística da PF revelaram que, entre 1999 e 2002, no segundo governo FHC, apenas a Telemig Celular e a Amazônia Celular pagaram às empresas de Marcos Valério, via 1.169 depósitos em dinheiro, um total de R$ 77,3 milhões.
Entre 2003 e 2005, no governo Lula, esses créditos, consumados por 585 depósitos das empresas de Dantas, chegaram a R$ 87,4 milhões de reais. Ou seja, entre 1999 e 2005, o banqueiro irrigou o esquema de corrupção montado por Marcos Valério com nada menos que R$ 164 milhões.
O cálculo pode estar muito abaixo do que realmente pode ter sido transferido, pois se baseia no que os federais conseguiram rastrear. Segundo o relatório, existem triangulações financeiras típicas de pagamento de propina e lavagem de dinheiro. Em uma delas, realizada em 30 de julho de 2004, a Telemig Celular pagou R$ 870 mil à SMP&B, depósito que se somou a outro, de R$ 2,5 milhões, feito pela Brasil Telecom.
O total de R$ 3,4 milhões serviu de suporte para transferências feitas em favor da empresa Athenas Trading, no valor de R$ 1,9 milhão, e para a By Brasil Trading, de R$ 976,8 mil, ambas utilizadas pelo esquema de Marcos Valério para mandar dinheiro ao exterior por meio de operações de câmbio irregulares, de modo a inviabilizar a identificação dos verdadeiros beneficiários dos recursos. Em consequência, Zampronha repassou ao Ministério Público Federal a função de investigar se houve efetiva prestação de serviços por parte das agências de Marcos Valério às empresas controladas pelo Opportunity.
A principal pista da participação de Dantas na irrigação do valerioduto surgiu, porém, a partir de uma auditoria interna da Brasil Telecom, realizada em 2006. Ali demonstrou-se que, às vésperas da instalação da CPMI dos Correios, em 2005, na esteira do escândalo do “mensalão” e no momento em que a permanência do Opportunity no comando da telefônica estava sob ameaça, a DNA e a SMP&B celebraram com a BrT contratos de R$ 50 milhões. Dessa forma, as duas empresas de Marcos Valério puderam, sozinhas, abocanhar 40% da verba publicitária da Brasil Telecom. Isso sem que a área de marketing da operadora tivesse sido consultada.
Ao delegado, Dantas afirmou que, a partir de 2000, ainda no governo FHC, passou a “sofrer pressões” da italiana Telecom Italia, sócia da BrT. Em 2003, já no governo Lula, o banqueiro afirma ter sido procurado pelo então ministro-chefe da Casa Civil, o ex-deputado José Dirceu, com quem teria se reunido em Brasília. Na conversa com Dirceu, afirma Dantas, o ministro teria se mostrado interessado em resolver os problemas societários da BrT e encerrar o litígio do Opportunity com os fundos de pensão de empresas estatais.

O Palácio do Planalto teria escalado o então presidente do Banco do Brasil, Cassio Casseb, para cuidar do assunto. Casseb viria a ser um dos alvos da arapongagem da Kroll a pedido do Opportunity. O caso, que envolveu a espionagem de integrantes do governo FHC e da administração Lula, baseou a Operação Chacal da PF em 2004.
Dantas afirmou ter se recusado a “negociar” com o PT. Após a recusa, acrescenta, as pressões aumentaram e ele teria começado a ser perseguido pelo governo. Mas o banqueiro não foi capaz de provar nenhuma das acusações, embora seja claro que petistas se aproveitaram da guerra comercial na telefonia para extrair dinheiro do orelhudo. Só não sabiam com quem se metiam. Ou sabiam?
O fundador do Opportunity também repetiu a versão de que um de seus sócios, Carlos Rodemburg, havia sido procurado pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, acompanhado de Marcos Valério, para ser informado de um déficit de R$ 50 milhões nas contas do partido. Teria sido uma forma velada de pedido de propina, segundo Dantas, nunca consolidado.
O próprio banqueiro, contudo, admitiu que Delúbio não insinuou dar nada em troca da eventual contribuição solicitada. Negou, também, que tenha mantido qualquer relação pessoal ou comercial com Marcos Valério, o que, à luz das provas recolhidas por Zampronha, soam como deboche. “O depoimento de Daniel Dantas está repleto de respostas evasivas e esquecimentos de datas e detalhes dos fatos”, informou no despacho ao ministro Barbosa.
Chamou a atenção do delegado o fato de os contratos da BrT com as agências de Marcos Valério terem somado os exatos R$ 50 milhões que teriam sido citados por Delúbio no encontro com Rodemburg. Para Zampronha, a soma dos contratos, assim como outras diligências realizadas pelo novo inquérito, “indicam claramente” que, por algum motivo, o Grupo Opportunity decidiu efetuar os repasses supostamente solicitados por Delúbio, com a intermediação das agências de Marcos Valério, como forma de dissimular os pagamentos.
Os contratos da DNA e da SMP&B com a Brasil Telecom, segundo Zampronha, obedecem a uma sofisticada técnica de lavagem de dinheiro, usada em todo o esquema de Marcos Valério, conhecida como commingling (mescla, em inglês). Consiste em misturar operações ilícitas com atividades comerciais legais, de modo a permitir que outras empresas privadas possam se valer dos mesmos mecanismos de simulação e superfaturamento de contratos de publicidade para encobrir dinheiro sujo.
No caso da BrT, cada um dos contratos, no valor de R$ 25 milhões, exigia contratação de terceiros para serem executados. Além disso, havia a previsão de pagamento fixo de R$ 187,5 mil mensais às duas agências do Valerioduto, referente à prestação de serviços de “mídia e produção”.
Surpreendentemente, e contra todas as evidências, Dantas disse nunca ter participado da administração da BrT. Por essa razão, não teria condições de prestar qualquer informação sobre os contratos firmados pela então presidente da empresa, Carla Cicco, indicada por ele, com as agências de Marcos Valério. De volta a Itália desde 2005, Carla Cicco informou à PF não ter tido qualquer participação ou influência na contratação das agências, apesar de admitir ter assinado os contratos. Disse ter se encontrado com Marcos Valério uma única vez, numa reunião de trabalho com representantes da DNA.
O protagonismo de Dantas no valerioduto e o desmembramento da rede de negócios montada por Marcos Valério, desde 1999, nos governos do PSDB e do PT são elementos que, no relatório da PF, desmontam, por si só, a tese do pagamento de propinas mensais a parlamentares. Ou seja, a tese do “mensalão”, na qual se baseou a denúncia da PGR encaminhada ao Supremo, não encontra respaldo na investigação de Zampronha, a ponto de sequer ser considerada como ponto de análise.
O foco do delegado é outro crime, gravíssimo e comum ao sistema político brasileiro, de financiamento partidário baseado em arrecadação ilícita, montagem de caixa 2 e, passadas as eleições, divisão ilegal de restos de campanha a aliados e correligionários. Por essa razão, ele encomendou os novos laudos detalhados ao INC.

Uma das primeiras conclusões dos laudos de exame contábil foi que Marcos Valério usava a DNA Propaganda para desviar recursos do Fundo de Incentivo Visanet, empresa com participação acionária do Banco do Brasil, e distribui-los aos participantes do esquema do PT e de partidos aliados.
O fundo foi criado em 2001 com o objetivo de financiar ações de marketing para incentivar o uso de cartões da bandeira Visa. O Visanet foi, inicialmente, constituído com recursos da Companhia Brasileira de Meios e Pagamentos (CBMP), nome oficial da empresa privada Visanet, e distribuído em cotas proporcionais de um total de R$ 492 milhões a 26 acionistas.

Além do BB participam o Bradesco, Itaú, HSBC, Santander, Rural, e até mesmo o Panamericano, vendido recentemente por Silvio Santos ao banqueiro André Esteves. “Para operar tais desvios, Marcos Valério aproveita-se da confusão existente entre a verba oriunda do Fundo de Incentivo Visanet e aquela relacionada ao orçamento de publicidade próprio do Banco do Brasil”, anotou o policial.
O BB repassava mais de 30% do volume distribuído pelo fundo, cerca de R$ 147,6 milhões, valor correspondente à participação da instituição no capital da Visanet. Desse total, apenas a DNA Propaganda recebeu 60,5% do dinheiro, cerca de R$ 90 milhões, entre 2001 e 2005, divididos por dois anos no governo FHC, e por dois anos e meio, no governo Lula.
Daí a constatação de que, de fato, por meio da Visanet, o valerioduto foi irrigado com dinheiro público. O que nunca se falou, contudo, é que essa sangria não se deu somente durante o governo petista, embora tenha sido nele o período de maior fartura da atividade criminosa. Quando eram os tucanos a coordenar o fundo, Marcos Valério meteu a mão em ao menos R$ 17,2 milhões.
De acordo com o relatório da PF, Marcos Valério tinha consciência de que agências de publicidade e propaganda representavam um mecanismo eficaz para desviar dinheiro público, por conta do caráter subjetivo dos serviços demandados. Mas havia um detalhe mais importante, como percebeu Zampronha. Com as agências, Valério passou a lidar com a compra de espaços publicitários em diversos veículos de comunicação.
“Esta relação econômica estreitava o vínculo do empresário com tais veículos e poderia facilitar o direcionamento de coberturas jornalísticas”. As Organizações Globo, proprietária da revista Época, sonegou a seus leitores, por exemplo, ter sido a maior beneficiária de uma das principais empresas do valerioduto.
À página 68 do relatório, e em outras tantas, a TV Globo é citada explicitamente. Escreve o delegado: “A nota emitida pela empresa de comunicação destaca-se por sua natureza fiscal de adiantamento, “publicidade futura”, isto é, a nota por si só não traz qualquer prestação de serviço, como também não há elementos que vincule os valores adiantados ao fundo de incentivo Visanet”.
Zampronha se referia a contratos firmados em 2003 no valor de R$ 720 mil e R$ 2,88 milhões. Entre 2004 e 2005, a TV Globo receberia outros pagamentos da DNA, no valor total de 1,2 milhão de reais, lançados na planilha de controle do Fundo Visanet.
Mesmo tratado com simpatia na reportagem da Época, o Opportunity não perdoou. No item 17 de uma longa nota oficial em resposta, o banco atira: “Na Telemig, segundo informações prestadas à CPI do Mensalão, a maioria dos recursos eram repassados às Organizações Globo. Por isso, a apuração desses fatos fica fácil de ser feita pela Época.”
Segundo Zampronha, o objetivo do valerioduto era criar empresas de fachada para auxiliar na movimentação de dinheiro sujo e manter os interessados longe dos órgãos oficiais de fiscalização e controle. O leque de agremiações políticas para as quais Marcos Valério “prestava serviços” era tão grande que não restou dúvida ao delegado: “Estamos diante de um profissional sem qualquer viés partidário”.
Isso não minimiza o fato de o PT, além de qualquer outra legenda, ter se lambuzado no esquema. Não fosse a denúncia de Jefferson, o valerioduto teria se incrustado de forma absoluta no Estado brasileiro e se transformado em uma torneira permanente aberta por onde jorraria dinheiro público para os cofres petistas.
CartaCapital não espera, como de costume, que esta reportagem tenha repercussões na mídia nativa. À exceção da desbotada tese do mensalão, que serve à disputa político-partidária na qual os meios de comunicação atuam como protagonistas, não há nenhum interesse em elucidar os fatos. O que, se assim for, provará que a sociedade afluente navega tranquilamente sobre o velho mar de lama.

- http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=151568&id_secao=6


A ÍNTEGRA DO RELATÓRIO DA POLÍCIA FEDERAL, PUBLICADA PELA "CARTA CAPITAL":

1ª PARTE
http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Doc_Parte_1_60WEB.pdf

2ª PARTE

http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Doc_Parte_2_61_100.pdf

3ª PARTE
http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Doc_Parte_3_101_140.pdf

4ª PARTE
http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Doc_Parte_4_141_180.pdf

5ª PARTE
http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Doc_Parte_5_181_220.pdf

6ª PARTE
http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Doc_Parte_6_221_260.pdf

7ª PARTE
http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Doc_Parte_7_261_300.pdf

8ª PARTE
http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Doc_Parte_8_301_Fim.pdf