CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO


CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO



Mantemos a recomendação do vídeo de Jean-Luc Godard, com sua reflexão sobre a cultura européia-ocidental, enquanto a agressão injusta à Nação Líbia perdurar.




Como contraponto à defesa de civis pelos americanos, alardeada em quase todas as recentes guerras de agressão que promovem, recomendamos o vídeo abaixo, obtido pelo Wikileaks e descriptografado pela Agência Reuters

quinta-feira, 31 de março de 2011

Urânio empobrecido, uma estranha forma de proteger os civis líbios

Nas primeiras 24 horas de bombardeios a Libia, os aliados gastaram 100 milhões de libras esterlinas em munição dotada de ponta de urânio empobrecido. Trata-se de um resíduo do processo de enriquecimento de urânio que é utilizado nas armas e reatores nucleares, sendo uma substância muito valorizada no exército por sua capacidade para atravessar veículos blindados e edifícios. Esse urânio empobrecido pode causar danos renais, câncer de pulmão, câncer ósseo, problemas de pele, transtornos neurocognitivos, danos genéticos em bebês e síndromes de imunodeficiência, entre outras doenças. O artigo é de David Wilson.

David Wilson – Stop the War Coalition

Data: 27/03/2011

Stop the War Coalition

“Os mísseis que levam pontas dotadas de urânio empobrecido se ajustam à perfeição à descrição de uma bomba suja...Eu diria que é a arma perfeita para assassinar um monte de gente”.

Marion Falk, especialista em física e química (aposentada), Laboratório Lawrence Livermore, Califórnia (EUA).

Nas primeiras vinte e quatro horas do ataque contra a Líbia, os B-2 dos EUA lançaram 45 bombas de 2 mil libras de peso cada uma (um pouco menos de uma tonelada). Estas enormes bombas, junto com os mísseis de cruzeiro lançados desde aviões e navios britânicos e franceses, continham ogivas de urânio empobrecido.

O DU (urânio empobrecido, na sigla em inglês) é um resíduo do processo de enriquecimento de urânio que é utilizado nas armas e reatores nucleares. Trata-se de uma substância muito pesada, 1,7 vezes mais densa que o chumbo, muito valorizada no exército por sua capacidade para atravessar veículos blindados e edifícios. Quando uma arma que leva uma ponta de urânio empobrecido golpeia um objeto sólido, como uma parte de um tanque, penetra através dele e depois explode formando uma nuvem quente de vapor. Esse vapor se transforma em um pó que desce ao solo e que é não só venenoso, mas também radioativo.

Um míssil com urânio empobrecido quando impacta algo sólido queima a 10.000°C. Quando alcança um objetivo, 30% dele fragmentam-se em pequenos projéteis. Os 70% restantes se evaporam em três óxidos altamente tóxicos, incluído o óxido de urânio. Este pó negro permanece suspenso no ar, e dependendo do vento e das condições atmosféricas pode viajar a grandes distâncias. Se vocês pensam que Iraque e Líbia estão muito distantes, lembrem-se que a radiação de Chernobyl chegou até Gales.

É muito fácil inalar partículas de menos de 5 micra de diâmetro, que podem permanecer nos pulmões ou em outros órgãos durante anos. Esse urânio empobrecido inalado pode causar danos renais, câncer de pulmão, câncer ósseo, problemas de pele, transtornos neurocognitivos, danos genéticos, síndromes de imunodeficiência e estranhas enfermidades renais e intestinais. As mulheres grávidas expostas ao urânio empobrecido podem dar à luz a bebês com deformações genéticas. Uma vez que o pó se vaporiza, não cabe esperar que o problema desapareça. Como emissor de partículas alfa, o DU tem uma vida média de 4,5 milhões de anos.

No ataque da operação “choque e pavor” contra o Iraque foram lançadas, somente sobre Bagdá, 1.500 bombas e mísseis. Seymour Hersh afirmou que só o terceiro comando de aviação dos Marines dos EUA lançou mais de “quinhentas mil toneladas de munição”. E tudo isso carregava pontas de urânio empobrecido.

A Al Jazeera informou que as forças invasoras estadunidenses dispararam 200 toneladas de material radioativo contra edifícios, casas, ruas e jardins de Bagdá. Um jornalista do Christian Science Monitor levou um contador Geiger até zonas da cidade que sofreram uma dura chuva de artilharia das tropas dos EUA. Encontrou níveis de radiação entre 1.000 e 1.900 vezes acima do normal em zonas residenciais. Com uma população de 26 milhões de habitantes, isso significa que os EUA lançaram uma bomba de uma tonelada para cada 52 cidadãos iraquianos, ou seja, uns 20 quilos de explosivos por pessoa.

William Hague, Secretário de Estado de Assuntos Exteriores britânico, disse que estávamos indo a Líbia “para proteger os civis e as zonas habitadas por civis”. Vocês não têm que olhar muito longe para ver a quem e o que está se “protegendo”.

Nas primeiras 24 horas, os aliados gastaram 100 milhões de libras esterlinas em munição dotada de ponta de urânio empobrecido. Um informe sobre controle de armamento realizado na União Europeia afirmava que seus estados membros concederam, em 2009, licenças para a venda de armas e sistemas de armamento a Líbia no valor de 333.357 milhões de euros. A Inglaterra concedeu licenças às indústrias bélicas para a venda de armas a Líbia no valor de 24,7 milhões de euros e o coronel Kadafi pagou também para que a SAS (sigla em inglês do Serviço Especial Aéreo) para treinar sua 32ª Brigada.

Eu aposto que nos próximos 4,5 milhões de anos, William Hague não irá de férias ao Norte da África.

Tradução: Katarina Peixoto

- recebido de fonte do blog em 31/03/11

STICCERO explica o porquê da revolta dos trabalhadores de Jirau

O STICCERO (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil do Estado de Rondônia), através do seu vice-presidente, Donizete Oliveira, em entrevista ao jornal eletrônico Rondoniadinamica veio externar os motivos pelos quais levam os trabalhadores do canteiro da Usina de Jirau a revolta que, na semana passada, acabou com alojamentos, veículos e colocou Rondônia no cenário nacional da mídia pela tamanha repercussão.

Donizete conta que, no caso das classificações, a empresa fez cursos profissionalizantes, uma bateria de exames, inclusive psicotécnicos para o trabalhador receber promoção. Os que participaram deste rol de atividade promovidas pela Camargo Corrêa foram em torno de mil e quinhetos a 2 mil trabalhadores. As atividades duraram cerca de 90 dias.

-extraído de http://www.rondoniadinamica.com/arquivo/sticcero-explica-o-porque-da-revolta-dos-trabalhadores-de-jirau-,24124.shtml

Ao final de todo o processo, quando era pra vir as classificações de cargos, a empresa cortou. Também foram cortadas 100% das horas-extras, o que, segundo Donizete é horrível para o trabalhador.
“ – Quem está alojado, vem pra trabalhar e ganhar dinheiro, hora extra é prioridade”, disse.
Outro ponto é o transporte: a Camargo Corrêa vem cortando o transporte do trabalhador e mantendo ele preso ao canteiro de obras.
Também há cerca de 4 mil trabalhadores que vieram de seus Estados por conta própria e a empresa não adota o sistema de visita-família à esses trabalhadores que é uma norma da própria Camargo Corrêa. Com isso, o trabalhador chega a ficar um ano dentro do canteiro e só pode rever sua família nas férias. Isso tem causado uma estafa, desconforto e depressão nos trabalhadores, pois ficar um ano só trabalhando, sem ver ninguém conhecido é realmente difícil. A devolução do dinheiro gasto pelos trabalhadores nas visitas-família, não tem ocorrido em sua grande maioria. A empresa tem perdido, ou “diz” que perdeu a documentação dos trabalhadores.
Ponto principal: PLR (Participação nos lucros e resultados). Cada trabalhador deveria receber semestralmente uma média de R$ 700,00. Este pagamento era pra ter sido efetuado em novembro de 2010, o que não ocorreu. A Empresa alegou que o canteiro de obras não havia tido lucro. Ao mesmo tempo que ela diz que não tem lucros, é inserido no rádio e televisão no “Momento rural” que as obras estão adiantadas em um ano, e o cronograma está mantido. Isso demonstra que, a empresa está lucrando com o serviço prestado pelos trabalhadores de Jirau, e que não há nenhuma anormalidade dentro deste contexto. Existem outras questões administrativas que vem punindo o trabalhador no dia-a-dia.

PRESENÇA DO SINDICATO

Donizete alega que, a empresa responsável pela obra disse publicamente que o sindicato não esteve presente para ajudar na negociação e apaziguar os ânimos durante os protestos. Entretanto, o vice-presidente do STICCERO, junto com outro diretor, Edson Silva, estiveram presentes no canteiro de obras e não conseguiram adentrar até os alojamentos. Segundo eles, a Polícia proibiu a entrada, pois a situação estaria “sob controle” e não seria permitida a intervenção de qualquer pessoa no local.

QUEIMA DE ALOJAMENTOS
O vice-presidente do STICCERO explica porque os trabalhadores queimaram os alojamentos. Para Donizete, até o segundo dia estava tudo sob controle até que Policiais Militares invadiram o refeitório durante o café da manhã e, prenderam um dos trabalhadores. A partir deste momento, os trabalhadores se rebelaram contra a prisão e aí, aconteceu o que aconteceu.

quarta-feira, 30 de março de 2011

HOMENAGENS A DOIS GRANDES BRASILEIROS, PELO BLOG

José Alencar Gomes da Silva, nascido em 17/10/31, em Muriaé-MG, Brasil.


Filho de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva, com 14 irmãos, trabalhador desde os sete anos de idade e dono do próprio negócio desde os dezoito anos, foi comerciante do ramo varejista de artigos domésticos, atacadista de cereais, fabricante de macarrão, de roupas e de Tecidos e de fiação. Na vida política, foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria, senador da República pelo Estado de Minas Gerais, Vice-Presidente, acumulando este cargo com o de Ministro da Defesa. A partir do ano 2000, enfrentou um câncer na região abdominal, passando por mais de 15 cirurgias - uma delas com duração superior a 20 horas, vindo a morrer em 29/03/11, no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo. Seu corpo será velado no Palácio do Planalto, em Brasília, sede do Governo Brasileiro. Em razão de seu falecimento, foi decretado luto Nacional por uma semana. Sua biografia fala por si.

E nosso blog presta a José de Alencar Gomes da Silva nossa sentida homenagem.


No ensejo, nosso blog junta-se também à homenagem abaixo, prestada a outro grande brasileiro, ROBSON, EX-PONTA DIREITA DO AMÉRICA FUTEBOL CLUBE  de Minas Gerais,  falecido recentemente, a qual transcrevemos:

"HOMENAGEM:

Robson ex-ponta direita, nasceu em 20 de setembro de 1936, vestiu a camisa do América F.C, na década de 50, 60 com o famoso ataque arrasador que era chamado na época: Robson, Capeta, Gunga e Ari. Conquistou o título de Campeão Mineiro de 1957, e muitos outros. Robson também trabalhou no América como treinador das categorias de base na década de 90, treinou a Seleção Mineira sendo campeão jogando com o que há de melhor no futebol brasileiro, foi técnico dos juniors, deixou uma marca gloriosa de um vencedor. Gostaríamos de agradecer a Rádio Itatiaia, Tv Alteroza na pessoa do Sr. Jair Bala, a AGAP( Ass.de Gar. do Atleta Profissional) A Associação dos ex-Atletas na pessoa do Sr. Amarelinho, ex-jogadores, América F. C, amigos e familiares, o nosso muito obrigado pelo apoio no momento doloroso. Que Deus abençõe a todos.

Ass. A filha Inês e família

25/03/2011”

Aos termos acima, acrescentaríamos que o Sr. Robson, como o conhecemos, a olhos vistos, revelava-se uma grande pessoa, um ser humano de grande magnitude, desses que nunca param para perguntar o que vida e o mundo lhes reservaram ou lhes deram, mas que seguem vivendo e propiciando aos outros viverem da melhor forma possível. Foi, sem dúvidas, principalmente como educador das categorias de base do futebol, acima mencionadas, fator determinante no destino melhor de muitos. Em suma, um ser humano manso, justo e correto, que praticava a vida no sentido mais profundo da caridade cristã.
Nosso blog junta-se à homenagem acima, prestada pela família, e as que possam ter vindo de todos os demais e merecidamente.

Não nos foi possível levantar maiores dados oficiais  sobre o Sr. Robson, ex-jogador do América Futebol Clube até o momento, nem achamos que isso seria, aos olhos do próprio Sr. Robson a questão essencial.
Tão logo possamos tê-los em mãos, aqui os publicaremos.

Cada um segundo suas circunstâncias, SR. Robson, ex-ponta direita do América,  e José Alencar da Silva são exemplos de homens do povo brasileiro que, por sobre as dificuldades comuns e notórias, souberam honrar o estar aqui entre nós, fizeram por merecer esse inestimável presente que é a existência humana e, além disso, deixaram atrás de si uma marca de mundo melhor, dando e reorçando em muitos a tão decantada esperança.

Mateus Alves da Silva, editor do "Coletivo Brasil 3000", pela equipe.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Para além da fraude que encobriu a intervenção estrangeira na Líbia, por Pedro Porfírio

O Brasil entrou de gaiato ao fazer da abstenção um "NADA A OPOR" à agressão

"Kadhafi representa o controle dos recursos da Líbia por líbios e para líbios. Quando ele chegou ao poder dez por cento da população sabia ler e escrever. Hoje, é cerca de 90 por cento a taxa de alfabetização. As mulheres, hoje, têm direitos e podem ir à escola e conseguir um emprego. A qualidade de vida é de cerca de 100 vezes maior do que existia sob o domínio do rei Idris I".

Timothy Bancroft-Hinchey, em "Líbia, toda a verdade", publicado no Pravda, da Rússia.

Só no primeiro dia, 110 mísseis Tomahawk (que custam US$ 1,5 milhão de dólares cada) foram disparados por navios e submarinos americanos, matando 42 civis líbios
Essas incursões mortíferas das grandes potências à Líbia compõem uma requintada farsa que cristaliza um perigoso procedimento de múltiplas facetas. O mais acintoso é a leitura de conveniência que fazem de uma resolução mal acabada do Conselho de Segurança da ONU, graças à qual bombardeios de aviões e mísseis, violando o prescrito, operam uma verdadeira intervenção estrangeira, visando a derrubada do líder Muamar Kadhafi e usando os bandos sediciosos como suas colunas em terra.

É uma fraude calculada que só foi possível devido à colaboração, pela omissão, de países que sabiam claramente da falácia dessa impostura, chamada zona de exclusão aérea. Sabiam, disseram que ia dar no que deu, mas preferiram fugir da raia, chancelando a agressão.
A resolução da ONU é um primor de cinismo direcionado, ao abrir brechas para manipulações ao gosto dos agressores, o que, diga-se de passagem, pelo menos no que diz respeito à França, foi só um tapa-buraco burocrático. Seus aviões já estavam agindo mesmo antes da formalização da carta branca.
O resultado concreto desse conluio é a recomposição dos grupos revoltosos, que iam ser derrotados no sábado em que começaram as incursões estrangeiras. Não se pode dizer que essa ofensiva atípica esteja predestinada a uma vitória, nos termos sonhados pela chamada "coalizão". No entanto, haja o que houver, a Líbia sairá totalmente fragilizada desses episódios, tornando-se vulnerável à saciedade das potências coloniais.

Insegurança para todos

Essa fraude remete a muitas reflexões. Que país pode se sentir seguro diante de um quadro tão farsesco? Tudo o que se alegava era que uma força internacional seria necessária para proteger civis dos ataques do exército regular. A primeira mentira aí é que não há civis nas praças, como aconteceu no Egito. Há, sim, grupos fortemente armados no exercício de ataques com armas pesadas. Grupos que têm em suas fileiras muitos militares desertores, inclusive de artilharia.
Isso a mídia mercenária não pôde esconder. Ao contrário, toda hora exibe "rebeldes" dando tiros à toa como se tivessem munição de sobra.
Pior ainda é o próprio estatuto casuístico de que se serviu o Conselho de Segurança. O direito internacional terá de presumir sua interferência em conflitos entre países ou em missões de paz, desde que solicitadas por governos constituídos. Não é o caso da Líbia.
Nas matanças de Gaza, nada se fez
Foi, sim, o caso do morticínio promovido em Gaza pela aviação e por foguetes israelenses do dia 28 de dezembro de 2008 a 18 de janeiro de 2009, 21 dias de atrocidades, com um total de 1.412 palestinos mortos. Nesse longo período, o Conselho de Segurança babou e os EUA usaram seu poder de veto para impedir todo e qualquer ato que freasse a ação ensandecida promovida por Israel. A lixeira de Jerusalém, aliás, coleciona dezenas de resoluções da ONU em todos os níveis, e não aparece uma viva alma para chamar seu governo às falas. E a mídia não fala mais nisso.
A fraude que está ensejando matanças indiscriminadas na Líbia também assinala com ênfase a falência do instituto da soberania nacional. Você estará sendo levianamente irresponsável se considerar que o bombardeio em outro país, para favorecer insurretos, tem algum escopo moral.
No caso específico, autoridades mais lúcidas já vinham antevendo as intenções das potências ocidentais em embarcar na onda de descontentamentos em alguns países árabes para alvejar aquele que ia melhor das pernas na consecução de um projeto social de grande alcance: Kadhafi inverteu as taxas de analfabetismo - de 90 para 10%, registra o mais alto IDH da África, (0,755,em 53° lugar no mundo, comparável aos 0,699 do Brasil, em 73°) e está num processo de modernização que prevê grandes investimentos, incluindo a construção de 1 milhão de casas em dez anos para uma população total de 6,5 milhões.
A Líbia de Kadhafi administrava com equilíbrio as rivalidades tribais atávicas e ainda oferecia refúgio para 1 milhão e meio de egípcios e outros milhares de africanos. Com a sedição de Benghazi, reacenderam-se feridas a partir de algumas tribos da região da Cirenaica, uma das três províncias do país.

Obama despontou até seus correligionários

A fraude que deu na agressão à Líbia aconteceu quando Barack Obama visitava à América Latina, de olho no petróleo do pré-sal brasileiro e na transformação da China no principal comprador do Brasil, Chile e Argentina. Essa visita foi tão burlesca que, depois dela, o governo anunciou a importação de álcool dos Estados Unidos, algo jamais pensado, mas causado pela ganância dos usineiros brasileiros (isso ainda vou comentar).
O títere da ditadura invisível quer porque quer criar fatos sensacionais para recuperar a imagem desbotada, e está tomando atitudes tão desesperadas que conseguiu irritar até os aliados: em geral, decisões dessa natureza são previamente submetidas ao Congresso.
O deputado Dennis Kucinich, do seu partido, aventou a possibilidade de pedir o seu impeachment por conta de sua atitude irresponsável sob todos os aspectos. Com o apoio dos também democratas Barbara Lee, Mike Honda, Lynn Woolsey e Raúl Grijalva ele acusou Obama de "mergulhar outra vez os Estados Unidos numa guerra que não podemos financiar". O grupo foi mais além ao afirmar que o deslumbrado presidente entrou numa "guerra precipitadamente com um conhecimento limitado da situação no terreno e sem uma estratégia de saída".
Até mesmo na mídia norte-americano houve restrições a essa ordem de agressão. O analista político Michael Walzer questionou: "O objetivo é resgatar uma rebelião fracassada, que as tropas ocidentais façam o que os rebeldes não puderam fazer sozinhos: derrubar Kadafi? Ou é apenas mantê-los lutando pelo maior tempo possível, com a esperança de que a rebelião pegue fogo e os líbios dêem cabo em Kadafi por si mesmos? Ou é apenas chegar a um cessar-fogo? Parece que nem os envolvidos no ataque são capazes de responder a essas questões".
Apesar da boa vontade de alguns jornalistas, quem realmente ordenou a primeira carga pesada de mísseis foi Obama. Só que sua atitude foi tão indigna que ele tenta dar a entender que está tirando o corpo fora - mais uma grosseira lorota que quem tem o mínino de tutano não pode engolir.
Já Nicolas Sarkozi amarga uma sucessão de derrotas em eleições locais e dificilmente será reeleito, conforme as tendências registradas hoje. Ele apela e tenta reacender nos franceses de centro e da direita o velho gosto colonial compensatório, em meio aos escândalos de corrupção, favorecimentos e subtração de direitos sociais. Não é diferente a atitude do premier britânico, David Cameron, que neste sábado foi alvo de umas das maiores manifestações de rua em Londres, em protesto contra os cortes orçamentários, que afetarão a vida dos ingleses.

A vacilação que pode custar caro ao Brasil

Essa fraude também arranhou a política externa brasileira, que nos últimos anos havia resgatado o sonho iniciado com Jânio Quadros, João Goulart, Afonso Arinos e Santiago Dantas. Graças a uma ostensiva priorização dos nossos interesses, o Brasil vinha sendo uma referência obrigatória juntamente com seus parceiros do BRIC (Rússia, Índia e China).
Só se pode atribuir a vacilação no Conselho de Segurança à inexperiência da presidente Dilma Rousseff e a incompetência do seu chanceler Antônio Patriota, um diplomata medíocre, que parece saído do "orfanato" - como o ex-chanceler Azeredo da Silveira definia o Itamarati acuado no tempo da ditadura.
Junto com essa decisão, o Brasil também entrou na pilha das manobras contra o governo do Irã, embarcando na velha tática de brandir a questão dos "direitos humanos",como fenda para forjar a intervenção externa nesse país. O governo Dilma não pode cair numa esparrela: por que também não votam uma investigação sobre as bárbaras violações na prisão de Guantánamo, que o próprio Obama prometeu desativar e deixou o dito pelo não dito? E no Iraque? E O tratamento perverso dispensado aos palestinos e árabes em geral pela polícia política de Israel? Eles podem barbarizar? O Brasil nada faz contra tais perversidades, apesar do acúmulo de denúncias?
Visto para além dessas agressões moralmente insustentáveis contra a Líbia, o mundo que acredita na soberania dos povos está perigosamente vulnerável. Nós já vivemos ameaça semelhante, em 1964, só que não foi preciso o apoio da frota norte-americana estacionada de frente para o nosso litoral. Aqui, derrubaram o governo no grito.


www.porfiriolivre.info

sábado, 26 de março de 2011

REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO NO BRASIL, por Mateus Alves da Silva

REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO


por Mateus Alves da Silva em 26/03/11, para o "Coletivo Brasil 3000"

Com fatos mundiais que a cada instante servem cada vez menos de base para convicções (Walter Benjamim - 1892/1940 ), há, contudo, um assunto que, até mesmo pelas circunstâncias atuais do quadro político nacional, não podemos ir deixando passar simplesmente. A questão da duração do trabalho no Brasil, onde a jornada legal é de 8 horas e a carga semanal de 44, conforme art. 7º, inciso XIII, da Constituição Federal, o qual permite sua redução, mas mediante negociação coletiva.

Somos pela sua redução legal imediata para, pelo menos, 40 horas semanais, com jornada de 6,66 horas (ou 6 horas e 39,6 minutos). Hoje ela é de 7,33 horas (ou 7 horas e 19,8 minutos), dada a sua necessária distribuição nos 6 dias da semana, pela necessidade da folga semanal garantida pelo inciso XV daquele mesmo artigo constitucional.

É bom salientar que estamos falando de redução da duração do trabalho propriamente falando, já que o legislador não levou em conta o tempo de deslocamento de casa para o trabalho e vice e versa. E o leitor sabe que, principalmente, mas não só, nos grandes centros, demanda-se não raro mais de hora nesse trajeto. A aritmética simples implica reconhecer que, para nosso ganha-pão, gastamos pelo menos umas 10 horas de nosso dia.

Some-se a isso o tempo gasto nas atividades essenciais do comer, dormir, vestir-se, limpar-se, evacuar-se, e vejamos o que sobra para aquilo que poderíamos chamar de viver a vida na sua mais ampla plenitude, com a possibilidade de instruir-se, divertir-se, comunicar-se, locomover-se, associar-se etc, aspectos que, como pensamos, compõem os direitos individuais garantidos pelo artigo 5º da mesma Carta. Não esqueçamos também que o trabalhador assalariado tem direito ao afeto, que se revela, de forma mais ampla, no direito de se dedicar aos seres amados, à família, à companheira ou ao companheiro, aos filhos etc.

Vale lembrar que o artigo 7º, inciso IV, da Constituição, ao garantir salário-mínimo para os empregados, diz que este deverá atender, entre outras coisas, às suas necessidades vitais básicas com educação saúde e laser. Ora, se para ganhá-lo devemos entregar todo o nosso tempo de vida, como compatibilizar isso?

Dado que a mesma Constituição permite a compensação de horários, a redução da duração do trabalho para 40 horas possibilitaria, de imediato, a supressão do trabalho aos sábados, com a diluição da sua jornada na semana.

Os sábados seriam, assim, dias que o trabalhador teria para cuidar de seus assuntos pessoais, dos seus afazeres privados e, mesmo, comerciais. Seria, por exemplo, o dia de sair para comprar o alimento, cuidar da casa, obter alguma instrução etc, meras necessidades para a máquina humana continuar movendo-se nesse moinho, que já disseram ser, em alguns lugares, moinhos de moer gente. E o domingo seria, sim, o dia de descanso “garantido” pela Constituição atual, o dia nosso, para empregarmos livremente.

O regime atual de trabalho no Brasil faz pressupor uma organização familiar antiga, em que o macho saía para caçar e a fêmea ficava em casa, cuidando dos afazeres domésticos. E caminha no sentido de reduzir grande parte dos brasileiros à dimensão simplória de meros assalariados somente, privando-lhes de aspectos essenciais para a realização da condição humana. E com isso não podemos concordar.

Note-se que sequer consideramos as jornadas extraordinárias tão freqüentes e muitas vezes sequer registradas.

Nesse sentido, vale destacar que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE mostrou, entre outras coisas, que, em 2008, da população economicamente ativa acima de 16 anos:

" 33,7% trabalhavam uma jornada superior às 44 horas semanais e 19,1% trabalharam uma jornada superior a 48 horas;

24,7% das mulheres e 40,5% dos homens trabalhavam mais de 44 horas semanais;

No conjunto das mulheres brasileiras ocupadas, uma expressiva proporção de 87,8% também realizava afazeres domésticos, enquanto que entre os homens tal proporção expressivamente inferior (46,5%);

A média de horas dedicadas aos afazeres domésticos foi de 18,3 pelas mulheres e de 4,3 pelos homens ocupados."

Segundo essa mesma pesquisa do IBGE ainda:

"A categoria ocupacional que será diretamente afetada por uma eventual redução da jornada legal de trabalho para 40 horas semanais são os empregados do setor privado com carteira de trabalho assinada. Eles compõem 33,2% das pessoas ocupadas no país, ou seja, 31,9 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Dentro desse grupo, 58,6% trabalhavam mais de 40 horas semanais em 2008 enquanto 41,4% trabalhavam 40 horas ou menos por semana. Portanto, a redução da jornada às 40 horas semanais afetaria diretamente um contingente de 18,7 milhões de trabalhadores brasileiros."

Para que o leitor reflita melhor, vale conferir o recente e importantíssimo estudo, aliás, inédito, assinado por Sangheon Lee, Deirdre McCann e Jon Messenger, feito pela Organização Internacional do Trabalho, intitulado “Working time around the world. Trends in working hours, laws, and policies in a global comparative perspective, 2007” (Duração do trabalho em todo o mundo: tendências de jornadas de trabalho, legislação e políticas numa perspectiva global comparada, segundo tradução oficial de Oswaldo de Oliveira Teófilo).

Segundo ele, dos cerca de 102 países considerados até 2005, não possuem regulamentação legal: Alemanha, Austrália, Dinamarca, Irlanda, Reino Unido, Nigéria, Seicheles, Índia, Paquistão, Jamaica e Granada.

A duração do trabalho é entre 35 e 39 horas semanais em 4 países (França, Bélgica, Suécia e Chade).

De 40 horas semanais temos os seguintes países: Áustria, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, Itália, Japão, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Suécia, Argélia, Benin, Burquina Faso, Camarões, Congo, Costa do Marfim, Djiobouti, Gabão, Madagascar, Mali, Mauritânia, Nigéria, Ruanda, Senegal, Togo, China, Indonésia, Mongólia, República da Coréia, Bahamas, Bulgária, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Federação Russa, Letônia, Lituânia, antiga Rep. Iugoslava da Macedônia, Rep. Tcheca, Romênia, Equador e Egito.

Entre 41 e 46 horas, onde nos situamos, temos Angola, Burundi, Cabo Verde, República Democrática do Congo, Guiné-Bissau, Marrocos, Namíbia, África do Sul, Rep. Unida da Tanzânia, Cingapura, República Dominicana, Belize, Brasil, Chile, El Salvador, Honduras e Venezuela.

Com 48 horas de trabalho, aparecem Argentina, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Egito, Jordânia, Líbano, Haiti, Camboja, Filipinas, Malásia, República Democrática Popular do Laos, Tailândia, Vietnam, Moçambique e Tunísia.

A Suíça está situada entre 41 e 46 horas para os trabalhadores na indústria, que obviamente não é pesada, em escritórios, cargos técnicos e pessoal de vendas das grandes empresas comerciais, assim como o Uruguai, no que toca aos trabalhadores no comércio. Este, por sua vez, situa-se nas 48 horas no que diz respeito ao trabalho na indústria.

Com mais de 48 horas, há um tocar de extremos: Suíssa (todos os demais trabalhadores) e Quênia.

Uma análise mais detalhada desse estudo da OIT pode ser feita no site http://www.oitbrasil.org.br/topic/employment/news/news_145.php

A situação do Brasil, acima vista, como 7ª economia mundial consolidada, é meio inexplicável. E pesquisa mais recente ainda demonstra que somos o 7º pais mundial onde mais se trabalha.

Ora, se agora, nós, trabalhadores, com um governo dito de centro-esquerda, com maioria no Congresso Nacional e, diga-se, podendo contar até mesmo com uma melhor qualidade de sustentação jurídica no Supremo Tribunal, não conseguirmos resolver isso, reduzindo a duração do trabalho para o limite aceitável das 40 horas semanais, quando conseguiremos?

Dirão: trata-se de assunto que estamos enfrentando e cuja solução virá em um certo prazo. O problema é que, se for a longo prazo, como assinalou Keynes (1883), para quem, aliás, a jornada de 6 horas seria praticada por seus netos, bem, nesse caso, estaremos todos mortos.

Haverá, também, quem diga que, apesar de termos um governo dito dos trabalhadores, a “política é a arte do possível”. Mas quem faz o possível acontecer, quase sempre, são aqueles que desconhecem o impossível e simplesmente querem e fazem. Vamos, portanto, reduzir essa jornada ordinária do Brasil, pois ela, no fundo, é a tradução mais grave da exploração do trabalho humano e eu diria, um de seus principais suportes, pois priva os trabalhadores até mesmo da capacidade de enxergá-la com clareza. E, como pensamos, exploração humana, aqui, ali, acolá, é simplesmente repugnante e nunca deixará de ser.

* Mateus Alves da Silva é livre pensador, com bacharelado em Direito pela UFJF. Participou, como militante, da fundação do PT, tendo sido membro do Diretório Municipal do Partido em Juiz de Fora-MG. Foi, também, advogado de 12 Sindicatos de Trabalhadores Rurais na Zona da Mata Mineira e do Sindicato dos Têxteis de Juiz de Fora-MG, além de ter prestado serviços ao Sindicato dos Jornalistas de Juiz de Fora como advogado contratado. Foi membro do Centro de Defesa dos Direitos Humanos  de Juiz de Fora e do Serviço de Educação Popular - SEP, de Juiz de Fora. Atualmente, é Analista Judiciário da Justiça Federal do Trabalho e membro da equipe do Blog Coletivo Brasil 3000.

Manifestantes e polícia entram em choque por cortes em Londres

DA REUTERS, EM LONDRES

Manifestantes entraram em confronto com a polícia e quebraram janelas no centro de Londres neste sábado, em meio à marcha de dezenas de milhares de britânicos contra os cortes pelo plano de austeridade do governo.
http://www.youtube.com/watch?v=okj-4TJi3F0&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=LxlJikgOvyI
Grupos vestidos de preto e usando máscaras atearam fogo e jogaram granadas, além de invadirem uma agência do banco HSBC no centro da capital.



Policiais foram alvejados com tintas e lâmpadas preenchidas com amônia, segundo eles, lançadas por manifestantes que se separaram do protesto. A manifestação foi convocada pelos sindicatos visando protestar contra os cortes de gastos públicos, aumento do desemprego, de impostos e a reforma previdenciária.



Os manifestantes também quebraram janelas em um restaurante da rede McDonald's e de uma outra loja e outro banco.



Os líderes sindicais disseram que bem mais que 250 mil pessoas insatisfeitas com as políticas econômicas do governo se reuniram no que foi anunciado como o maior protesto na capital desde as manifestações contra a guerra no Iraque, em 2003.



Cerca de 4.500 policiais, alguns usando capacetes, estavam de plantão junto com centenas de sindicalistas treinados.



A coalizão liderada pelos conservadores está avançando em um programa de redução de despesas para virtualmente eliminar o déficit orçamentário, atualmente em cerca de 10 por cento do PIB (Produto Interno Bruto), até 2015, para proteger o grau de investimento da Grã-Bretanha, que é AAA.



Sindicatos e o Partido Trabalhista, de oposição, diz que as medidas são amplas demais e muito abruptas e estão levando miséria a milhões de britânicos em um momento no qual o desemprego está em seu mais alto grau desde 1994.



O líder trabalhista Ed Miliband disse aos manifestantes no Hyde Park que eles seguem os passos das sufragistas, movimento norte-americano de direitos civis e o movimento contra o apartheid.



"Nossa luta é a luta para preservar, proteger e defender o melhor dos serviços que nós amamos, porque eles representam o melhor do país que amamos", disse ele.



Muitos países europeus registraram protestos em massa nos últimos meses, conforme os governos reduzem os gastos públicos para tentar fazer com que suas economias se recuperem da crise financeira global.



O governo diz que está limpando a bagunça deixada pelo Partido Trabalhista e que uma atitude omissa deixaria a Grã-Bretanha exposta à turbulência do mercado.



O jornalista aposentado Karl Dallas, de 80 anos, afirmou que levantou às 5h30 (horário local) em Bradford, norte da Inglaterra, para viajar até a capital com o objetivo de participar da marcha.



"Os cortes são totalmente desnecessários", disse ele à Reuters.



"A Inglaterra teve o pior déficit após a Segunda Guerra Mundial, nós criamos o Serviço Nacional de Saúde, nacionalizamos as ferrovias e as minas de carvão, lançamos as bases do Estado de bem-estar social. Agora eles estão destruindo isso. É uma questão política, não econômica."
 
 
-http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2011/03/26/manifestantes-e-policia-entram-em-choque-por-cortes-em-londres.jhtm

Escola carente está entre as de melhor desempenho do país

25/3/2011 12:26, Redação, com MEC - de Brasília

Em 2005, a nota do índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb) da escola estadual Dom Bosco, em Eirunepé, sudeste do Amazonas, era de 2,7, numa escala que vai de zero a dez. Quatro anos mais tarde, em 2009, a nota foi de 8,7. O aumento, de 322 pontos percentuais, é o maior registrado em todo o país. A escola atende a 340 estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental e lida com crianças em situação de risco social. Mais de 70% dos estudantes vêm de famílias que recebem Bolsa Escola.

A diretora Maria de Fátima Libânio da Silva aponta duas estratégias como as responsáveis pelo salto de qualidade da escola Dom Bosco. A primeira é o projeto Aula de reforço é compromisso de todos. O nome do projeto cai bem. Pais e professores se uniram para superar o principal obstáculo às aulas de reforço: a falta de merenda.

– O Estado manda a merenda para o turno regular, mas como eles viriam estudar no contraturno sem comer? –, questiona Maria de Fátima.

Com recursos dos próprios professores e frutas e verduras produzidas pelos pais dos estudantes, foi possível garantir o lanche.

– Até a saúde deles melhorou, porque muitos só se alimentam na escola mesmo –, relata.

A outra estratégia utilizada pela escola é a Brincando também se aprende, que, mais uma vez, se desenvolve no contraturno. Aulas de amarelinha e atividades lúdicas são utilizadas como forma de estudo. Assim, os professores driblam dificuldades com conteúdos formais como matemática, por exemplo.

– Temos um terreno grande aqui. Eles podem brincar à vontade –, explica.

O empenho dos servidores da escola foi reconhecido dentro e fora do estado. Todos os servidores receberam, do governo do estado, um 14º salário, em dezembro de 2010.

– Foi um prêmio pelo crescimento –, explicou a professora Sueli Pinheiro Neblina, coordenadora regional de educação da secretaria estadual de educação de Eirunepé.

A diretora Maria de Fátima, por sua vez, foi uma das dez educadoras condecoradas com a medalha da Ordem Nacional do Mérito pela presidente Dilma Rousseff, na segunda-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília.extraído do http://correiodobrasil.com.br/escola-carente-esta-entre-as-de-melhor-desempenho-do-pais/222762/

sexta-feira, 25 de março de 2011

Repórteres Sem Fronteiras pede investigação sobre atentado a jornalista no Rio

24/3/2011 18:15, Por Redação, com RSF - de Paris

A organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), com sede em Paris, pediu nesta quinta-feira que a Polícia Federal investigue a pista de um possível acerto de contas no ataque contra o blogueiro Ricardo Gama, conhecido por críticas regulares a políticos, empresários e autoridades policiais.

Gama, de 40 anos, foi baleado nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, nas costas, no pescoço e na cabeça e, embora sua vida não corra risco, os médicos temem que ele perca a visão de um olho.

A RSF indicou que há pouco tempo o blogueiro denunciou a presença de um empresário envolvido no tráfico de drogas na favela da Rocinha e solicitou que a investigação leve em conta essa última acusação.

“Abordar o crime organizado ainda expõe os jornalistas brasileiros a graves ameaças”, assinalou a RSF em comunicado, segundo o qual a vítima é conhecida por “suas fortes críticas contra as autoridades locais”.

Para o RSF, apesar dos avanços em liberdade de expressão sob o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, a imprensa, “exposta a uma forte insegurança em várias regiões”, sofre “o abuso por parte de algumas autoridades locais”, o que é “outra forma de censura que também afeta os blogueiros”.


extraído de http://correiodobrasil.com.br/reporteres-sem-fronteiras-pede-investigacao-sobre-atentado-a-jornalista-no-rio/222539/ em 25/03/10

quinta-feira, 24 de março de 2011

Rio – O blogueiro Ricardo Gama, conhecido por suas críticas aos governos Sérgio Cabral e Eduardo Paes, foi baleado na manhã desta quarta-feira, em Copacabana (zona sul do Rio). Ele foi internado no hospital Copa D’Or, onde passará por uma série de exames para determinar a necessidade de cirurgia. Segundo a Polícia Militar, Gama levou dois tiros no rosto e um no tórax, disparados por um homem que o abordou em um carro prata. Além de críticas aos governantes do Estado e da cidade do Rio, Gama também escreve, em seu blog, contra supostas irregularidades da própria polícia, não só no Rio de Janeiro, como em outros Estados. Gama conseguiu repercussão para o seu blog no ano passado, quando divulgou o vídeo em que um jovem erachamado de ‘otário’ por Cabral durante a inauguração de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Amigos e blogueiros
Isso é muito grave,  o MP, a polícia tem que investigar esse caso com muita seriedade, nós blogueiros temos a obrigação de acompanhar esse caso até o seu desfecho. Os editores do blog da Dilma lamentam o ocorrido, desejamos que ele se recupere rápido,  nos solidarizamos com seus familiares e amigos.

'Resolução aprovada pelo Conselho de Segurança chega a dar medo', diz Patriota

“O Brasil deve zelar pela manutenção da narrativa espontânea dos povos árabes e defender a busca autônoma pela resolução das questões internas”, disse o Ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota,  sobre o papel do país nas atuais transformações do mundo árabe. 

Para ele,  a intervenção de países ocidentais na Líbia pode mudar o curso da história das mobilizações populares que tem ocorrido desde o início do ano no mundo árabe. O mesmo argumento, segundo o diplomata, poderia ser usado em casos como os do Iêmen e do Bahrein. 

“A resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU na quinta-feira passada (17/03) chega a dar medo” afirmou Patriota em uma conferência realizada nesta terça-feira (22/03) na FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo). “Temo todas essas ‘medidas necessárias que podem ser tomadas‘ pelo Conselho de Segurança de acordo com o texto aprovado”, afirmou. 

Além disso, o Ministro de Relações Exteriores se mostrou receoso com o número de civis mortos que as ofensivas internacionais podem provocar. “O objetivo não é exacerbar as tensões, ao contrário”, argumentou. 

Leia mais: 
Coalizão internacional volta a bombardear Líbia e Kadafi promete reagir se oposição avançar 
Ordem de Obama para atacar a Líbia é inconstitucional, diz deputado democrata 
França admite que coalizão avança na Líbia sem comando integrado 
Operações na Líbia geram impasse e adiam decisão na OTAN 
Liga Árabe diz que proteção de civis líbios não requer operação militar 
Governo da Líbia anuncia que armará a população para a defesa do país  
Estados Unidos lançam mísseis Tomahawk contra a Líbia 
Caças franceses sobrevoam a Líbia e Sarkozy dá ultimato a Kadafi 
Conselho de Segurança da ONU aprova zona de exclusão aérea na Líbia  

Segundo o chanceler, o principal ponto de descontentamento com o texto é o trecho que autoriza a utilização de "todas as medidas necessárias para proteger os civis”, já que isso inclui a realização de ataques aéreos como vem acontecendo há quatro dias. 

“Primeiramente, a resolução submetia Kadafi ao TPI (Tribunal Penal Internacional), embargava as armas no país, limitava o movimento do governo e congelava os bens do líder líbio no plano internacional, o que até então era um consenso entre os membros do Conselho de Segurança”, relembrou. 

Em um segundo momento, porém, o parágrafo que dava o aval para a ONU realizar as intervenções na Líbia conforme a necessidade determinada pelo próprio órgão causou discórdia entre os países, segundo Patriota. 

“Não acredito que, se a resolução previsse apenas a zona de exclusão aérea, um consenso total seria fácil, nem que essa seja a solução. Mas acredito que o texto aprovado dá brecha para modificações e intervenções ocidentais maquiadas pelo pretexto de um motivo nobre: a proteção dos civis”, argumentou. 

Questionado sobre a abstenção do Brasil na votação do Conselho, Patriota preferiu não se manifestar se teria optado por um voto contra. 

O chanceler, porém, garantiu que o Brasil trabalhará para que as intervenções internacionais não interfiram no desenrolar das questões internas líbias, como foi defendido pela representante do Brasil nas Nações Unidas, Maria Luiza Viotti, durante a conferência que decisiu pela medida. 

Ao justificar a abstenção, Viotti afirmou que a opção brasileira não deve ser interpretada como “endosso do comportamento das autoridades líbias ou como negligência”.  Segundo ela, o governo brasileiro “não está convencido” de que o uso da força, como definido na resolução aprovada, levará ao fim da violência e garantirá a proteção aos civis. 

Na ocasião, a embaixadora disse que o Brasil é solidário às manifestações populares, que ocorrem no Norte da África e também no Oriente Médio. Para ela, são movimentos que expressam “reivindicações legítimas por melhor governança". 

O Ministro das Relações Exteriores, por sua vez, classificou como “legítima e necessária” a busca pelo progresso econômico, social e político reivindicado pelos manifestantes dos países árabes, mas alertou a importância do respeito aos direitos humanos e à realização de transições de poder pacíficas. 

Governo Dilma 

Durante a Conferência, que foi organizada em uma parceria entre o Itamaraty, a USP e a Bibliaspa, Patriota falou também sobre a política externa da atual gestão. 

Para ele, a busca de “multipolaridade benigna” caracteriza o governo de Dilma Rousseff. “Estamos procurando amenizar cada vez mais as assimetrias do passado e dar voz a novos atores políticos, como o próprio Brasil”, disse. 

Patriota acredita que, desta forma, processos multilaterais mais inclusivos possam se tornar fórmulas, ou pelo menos boas alternativas, para solucionar conflitos e caminhar no sentido de processos de paz, tanto nos países árabes quanto em todo o mundo. 

Pensando nisso, o chanceler chegou a dizer que o Brasil poderia se colocar como um importante ator político no caso da Líbia e posteriormente do Bahrein e do Iêmen. “Considerando a importante posição que conquistamos com a política externa do governo Lula e com o crescimento econômico que o Brasil tem registrado, passamos a ter a oportunidade de exercer nossa interlocução em cenários conflituosos. No caso da Líbia, por exemplo, temos a vantagem de sermos autossuficientes na questão petrolífera, principal motivo de disputas na região, o que nos torna imparciais”, justificou. 

O Ministro das Relações Exteriores citou o fato de o Brasil possuir a maior comunidade árabe fora da região como outro ponto vantajoso em uma possível interlocução nos conflitos atuais. Além disso, o Brasil foi o primeiro país da América Latina a tornar-se observador da Liga Árabe e tem estreitado laços comerciais com a região. 

“Chega a parecer que o Brasil se antecipou em fortalecer os laços com o mundo árabe pouco antes de sua sublevação. Nos últimos tempos abrimos embaixadas em países daquela região, estabelecemos relações diplomáticas e intensificamos o comércio”, afirmou. 

Para 2011, segundo ele, está previsto o estabelecimento de relações diplomáticas do Brasil com os 192 países membros da ONU. Restam, até o momento, apenas dez para que a meta seja atingida. 

 
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-http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticia/RESOLUCAO+APROVADA+PELO+CONSELHO+DE+SEGURANCA+CHEGA+A+DAR+MEDO+DIZ+PATRIOTA_10655.shtml

quarta-feira, 23 de março de 2011

Obama sofre violentas críticas no Congresso Americano por atacar a Líbia, por Coletivo Brasil 3000

O presidente Barack Obama é violentamente criticado no Congresso Americano, que chegou a sugerir seu impeachment, pela participação dos Estados Unidos no ataque militar à Líbia, embora as razões principais das críticas tenham sido o desconhecimento dos custos e do término da campanha.

Sob pressão para finalisar a participação do exército americano naquela invasão, ontem, ele disse ao canal Univisión de televisão que "a estratégia de saída estará pronta ainda nesta semana". Contudo, afirmou também que: "Teremos um papel de apoio, continuaremos fornecendo nossas técnicas de inteligência e de bloqueio das comunicações que são únicas".

Em entrevista dada à imprensa, ele já destacara que houve "uma redução significativa de sobrevoos de aviões americanos na Líbia".

Republicanos e democratas, no entanto, lamentam o fato de ele não ter buscado a aprovação explícita do Congresso antes de lançar o ataque no sábado e se preocupam "com o seu custo", lidando com a possibilidade de chegar a "centenas de milhões de dólares".

Talvez fosse o caso de se lembrar da ONU e que esta autorizou recorrer a "todos os meios", mas apenas "para proteger os civis expostos ao avanço das tropas do coronel Muammar Kadafi nas zonas rebeldes".

A opinião pública americana já se divide no apoio aos ataques (47% a favor e 37% contra, conforme pesquisa Gallup). Contudo, 44% dos eleitores independentes, que normalmente fazem a diferença nas eleições nos Estados Unidos, estão contra e 38% apenas a favor.

Os representantes democratas Barbara Lee, Mike Honda, Lynn Woolsey e Raúl Grijalva acusam Obama "de ir à guerra precipitadamente com um conhecimento limitado da situação no terreno e sem uma estratégia de saída". "Participaremos de dura batalha no Congresso para assegurar que os Estados Unidos não se metam em apertos na Líbia sem uma porta de saída, nem um plano diplomático de paz", declararam em comunicado comum.

Conforme lembram esses políticos, a Constituição reserva ao Congresso o direito de declarar a guerra, razão pela qual as operações deveriam ter sido aprovadas por ele. Para o representante democrata Dennis Kucinich a falta de Obama é tão grave que pode levar à sua destituição. Esse mesmo representante dos Democratas, ao chamar o Iraque e o Afeganistão de "grandes atoleiros", prometeu tentar impedir o financiamento da participação na Líbia. Ele acusou Obama de "mergulhar outra vez os Estados Unidos numa nova guerra que não podemos financiar".
Os Republicanos, por sua vez, fizeram circular um vídeo de 2007 em que o vice-presidente Joe Biden, senador na época, afirmava que George W. Bush deveria ser destituído se atacasse o Irã sem a aprovação do Congresso. "O presidente não tem a autoridade constitucional para levar este país à guerra", afirma Biden no vídeo, "a menos que sejamos atacados ou estivermos a ponto de sê-lo. E se o fizer, eu pediria seu afastamento."


_ sobre notícia veiculada no site do Terra em 23/03/11, às 17:55


taques aéreos da coalizão internacional contra o leste de Trípoli atingiram "um bairro residencial" nesta quarta-feira, deixando um "número importante de mortos entre civis", informou a agência oficial de notíciais líbia Jana.

"Os bombardeios do agressor colonialista cruzado contra a zona de Tajura, em Trípoli, atingiu um bairro residencial (...) deixando um número importante de mortos entre os civis", revelou a agência, citando uma fonte militar.

Segundo a agência, um "terceiro bombardeio" da coalizão "atingiu as equipes que retiravam mortos e feridos dos dois primeiros ataques contra o bairro residencial na região" de Tajura. As sirenes das ambulâncias não paravam de tocar no centro de Trípoli e no bairro de Tajura.

Líbia: de protestos contra Kadafi a guerra civil e intervenção internacional

A GUERRA QUE reCOMEÇA LÁ E A QUE CONTINUA POR AQUI, por Mateus Alves da Silva

Nosso coletivo chama a atenção para os protestos dos trabalhadores na obra de construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, Brasil. E, diante da gravidade dos fatos denunciados, como se pode ver na matéria abaixo, extraída do site do Movimento do Atingidos por Barragens (MAB), presta total solidariedade àqueles trabalhadores. Nosso blog considera inadmissível a submissão de pessoas a condições sub-humanas de trabalho e de vida em todo e qualquer lugar.

17.03.2011
Nota do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) sobre a revolta
dos operários na Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia


Greve dos operários da Usina de Santo Antônio,
no rio Madeira, Rondônia.
Nesta semana acompanhamos a revolta dos operários na Usina Hidrelétrica de Jirau contra as empresas que controlam a barragem. Existem informações de que os mais de 15 mil operários da obra estão em situação de superexploração, com salários extremamente baixos, longas jornadas e péssimas condições de trabalho, que existe epidemia de doenças dentro da usina e não existe atendimento adequado de saúde, que o transporte dos operários é de péssima qualidade, sofrem com a falta de segurança e que mais de 4.500 operários estão ameaçados de demissão. Esta é a realidade da vida dos operários.

Esta situação tem como principal responsável os donos da usina de Jirau, o Consórcio formado pela transnacional francesa Suez, pela Camargo Corrêa e pela Eletrosul. As revoltas dos operários dentro das usinas tem sido cada vez mais frequentes e isso é fruto da brutal exploração que estas empresas transnacionais impõem sobre seus trabalhadores.

Há pouco tempo houve revolta na usina de Foz do Chapecó, também de propriedade da Camargo Corrêa, em 2010 houve a revolta dos operários da usina de Santo Antonio e agora temos acompanhado a revolta dos operários da usina de Jirau.

As empresas construtoras de Jirau são as mesmas que foram denunciadas em recente relatório de violação de Direitos Humanos, aprovado pelo Governo Federal, que constatou que existe um padrão de violação dos direitos humanos em barragens e de criminalização, sendo que 16 direitos têm sido sistematicamente violados na construção de barragens. Os atingidos por barragens e os operários tem sido as principais vítimas.

A empresa Suez, principal acionista de Jirau, é dona da Barragem de Cana Brava, em Goiás, e Camargo Corrêa é dona da usina de Foz do Chapecó, em Santa Catarina. Essas duas hidrelétricas também foram investigadas pela Comissão Especial de Direitos Humanos em que foi comprovada a violação. Estas empresas tem uma das piores práticas de tratamento com os atingidos e com seus operários.

Em junho de 2010, o MAB já havia alertado a sociedade que em Jirau havia indícios e denúncias, que circularam na imprensa local, de que as empresas donas da Usina de Jirau haviam contratado ex-coronéis do exército para fazer uma espécie de trabalho para os donos da usina de Jirau e não seria surpresa se estes indivíduos contratados pelas empresas promovessem ataques ou sabotagens contra os operários e atingidos, para jogar uns contra os outros e/ou criminalizar nossas organizações e sindicatos.

A revolta dos operários é reflexo desse autoritarismo e da ganância pela acumulação de riqueza através da exploração da natureza e dos trabalhadores. Prova desse autoritarismo e intransigência é que estas empresas se negam a dialogar com os atingidos pela usina e centenas de famílias terão seus direitos negados. As consequências vão muito além disso, pois nesta região se instalou os maiores índices de prostituição e violência.

Em 2011, O MAB completa 20 anos de luta e os atingidos comemoram a resistência nacional, mas também denunciam que estas empresas não tem compromisso com a população atingida e nem com seus operários. Recebem altas taxas de lucro que levam para seus países e o povo da região fica com os problemas sociais e ambientais.

O MAB vem a público exigir o fim da violação dos direitos humanos em barragens e esperamos que as reivindicações por melhores condições de trabalho e vida dos operários sejam atendidas.

Água e energia não são mercadorias!

http://www.mabnacional.org.br/noticias/170311_jirau.htmlFoto: site MAB

terça-feira, 22 de março de 2011

Chove sobre Trípoli, por A. V. Kharlámenko

Chove sobre Trípoli.



Realmente chove na capital da Líbia, como sempre nesta estação do ano. Ainda mais se formos acreditar nos meios massivos de comunicação mundiais e russos. Aí então teremos uma verdadeira chuva de balas e granizo de bombas. Bombas lançadas pela aeronáutica da “ditadura sangrenta" em cima do "povo insurreto". Bala que os "mercenários africanos" atiram nos "democratas pacíficos". Como é que a "comunidade internacional" pode não intervir pela salvação de tão infeliz povo? O negócio é claro: para o "ditador" - a Corte de Haia. Para os "democratas" - o poder.



Para os meios de comunicação em massa "livres" tudo é muito claro: é exatamente assim que pretendem "esclarecer" a situação em qualquer país ao qual as riquezas atraiam a atenção de seus senhores. O que é realmente estranho é a posição de muitos que se consideram de esquerda, e mesmo de alguns que se consideram revolucionários. Uns apenas calam e esperam para ver quem vai ganhar e para onde vai caminhar a situação. Outros explodem em euforias de vitória, dizendo: "os povos se levantam uns atrás dos outros - primeiro a Tunísia, Egito, Iêmen, Jordânia, Bahrein, Marrocos, Algéria, Irã e agora a Líbia! Sem tirar nem por, se trata da revolução democrática mundial! Fim a todos os ditadores! Claro, aqui o critério para "ditador" é muito mais simples do que dois mais dois são quatro - depende apenas de quantos anos o tal passou no poder, ou seja: exatamente como nos meios massivos de comunicação da burguesia. Ou ainda como disse Zhirinóvski, chamando os acontecimentos atuais de "levante contra os Brêzhnevs árabes". Para ele, o sangue nas ruas seria a evidência incontestável dos "crimes da ditadura". No entanto, a maioria dos analistas não diz uma só palavra sobre a situação real do país, sobre a essência das forças em conflito, suas relações internacionais e sobre quais as prováveis perspectivas para a região. E os que falam sobre isso certamente não extraem suas informações dos videoclipes divulgados pela grande imprensa.



Mas vejam que qualquer um que acompanhe os fatos, que se lembre da história recente e não se encontre sob a hipnose da propaganda burguesa não pode deixar de levar em conta o fato de que a Líbia se diferencia enormemente dos países realmente tomados por protestos populares.



A Líbia é muito mais rica em petróleo e gás do que seus vizinhos, e a população de seu país majoritariamente desértico é algumas vezes menor - 6 milhões.



Com os preços atuais do petróleo, os líbios, mesmo se supuséssemos uma situação similar a dos países vizinhos, viveriam em condições um tanto melhores e dificilmente teriam motivos para se lançar à morte pela "liberdade". Sob o "ditador Kaddafi" realmente se vivia melhor do que nos países vizinhos. E antes se vivia bem pior. E não apenas sob o comando dos colonizadores italianos ou dos ocupadores franco-britânicos, mas mesmo quando a primeira colônia africana adquiriu a independência, por iniciativa da URSS. Em fuga, os colonizadores deram o poder nas mãos do rei Idris, cabeça da ordem dos dervishes-sinuístas, há muito tempo governantes da parte leste do país, em Cirenaica. Claro que não incomodava nem um pouco aos ex-colonizadores o fato de que tal ordem ficara em ambas as Guerras Mundiais não do lado deles, mas sim do lado dos agentes turco-alemães. Até a chegada ao poder da "ditadura de Kaddafi" um certo "veterano da SS" ficava escondido no sul da Cirenaica, num castelo nas montanhas, como um "barão sem sua coroa", controlando com suas próprias mãos a exportação de petróleo para a Arábia Saudita (a história ainda cala sobre o que mais ele fazia). E hoje vemos por todas as telas de televisão e de computador como o "povo insurreto" levanta sobre as "cidades libertas" da Cirenaica a bandeira da monarquia derrubada há quarenta e dois anos e mostra aos telespectadores ocidentais faixas escritas em inglês: "Libertar a Líbia!" e "Petróleo para o Ocidente!"



Obviamente: sob o regime monárquico o petróleo pertencia ao Ocidente. A renda advinda de sua exportação era obtida majoritariamente pelos monopólios estrangeiros, sendo que alguma coisa ficava com a família real e a nobreza palaciana, com os compradores-burgueses e altos-funcionários e, para o povo, não sobrava absolutamente nada. Os líbios pobres morriam de tuberculose, ficavam cegos de catarata (no interior do país ela atingia a 100% dos habitantes), e o analfabetismo chegava a 87%. Com as liberdades políticas também havia confusão: partidos eram proibidos, sindicatos não tinham direito à greve. Será mesmo que o povo está se lançando assim à morte pela "Líbia perdida"?



Diferentemente da ordem burocrático-burguesa da Tunísia, do Egito e do Iêmen, ou mesmo dos semi-absolutistas Marrocos, Jordânia e Bahrein, a construção social e política da Líbia tem sua base na revolução antiimperialista e anti-monárquica de 1o de setembro de 1969, realizada pela organização dos "Oficiais unionistas-socialistas livres". Os jovens revolucionários então (Muammar Kaddafi tinha 27 anos) recusaram o caminho do capitalismo e levantaram a bandeira do "estado de bem-estar e de justiça", sob os princípios da "liberdade, do socialismo islâmico, da unidade e da justiça social". Já no primeiro ano da revolução foram nacionalizadas sem indenização as propriedades dos antigos colonizadores e as da família real, a maioria dos bancos e em seguida a maior riqueza - o petróleo e todos os recursos naturais. Naqueles tempos de igualdade de forças entre os dois sistemas mundiais, mesmo um país pequeno e atrasado podia forçar os neocolonizadores a devolverem o roubado sem que ninguém ousasse ocupar ou bombardear suas cidades, ou mesmo apenas aplicar "sanções" econômicas.



O poder revolucionário não apenas ampliou a renda conseguida pelo país do petróleo, mas também a aplicou no desenvolvimento do país e no bem-estar do povo. Sobre a base do setor estatal desenvolveu-se a industrialização do país, criaram-se refinarias de petróleo, metalúrgicas, indústrias eletrônicas e outras. Os camponeses receberam a terra, criaram-se cooperativas e plantações estatais. Sob o deserto foi colocada uma grande linha de tubos e condutores, que irrigam com água a todo o país. Os líbios pela primeira vez conseguiram saúde pública e educação gratuitas e a expectativa média de vida passou de 50 para 75 anos. O grau de alfabetização passou de 13% para 70%.



A renda média per capita na Líbia contemporânea é maior do que no Brasil. São coisas que os habitantes dos países vizinhos poderiam vislumbrar apenas nos seus mais doces sonhos. Por que é que o povo se levantaria?



Os meios de comunicação burgueses e alguns de esquerda respondem (se é que respondem): o homem não vive apenas de pão, e mesmo que na Líbia a qualidade de vida seja mediana, não existe nenhuma democracia, o que há é uma cruel ditadura familiar e a repressão à qualquer oposição. Bem, em primeiro lugar, como bem lembrou Fidel Castro alguns dias atrás, o povo não se atira na frente de balas apenas pela liberdade e pelos direitos formais. Ele se levanta quando a vida real se torna impossível e consegue a melhora das condições da vida real - fator ao qual vêm em auxílio às liberdades e à democracia.



Em segundo lugar, mesmo com a democracia a coisa é bem diferente do que representam os meios massivos burgueses e seus arautos. No começo da revolução deste país, seguindo o exemplo da República de Nasser, a Líbia foi proclamada República Árabe, tendo como organização dirigente a União Árabe Socialista. Quando no Egito o capitalismo burocrata-comprador tomou as instâncias superiores, os revolucionários líbios responderam com o desenvolvimento "incondicional da democracia". Em 1977 foi criado um novo órgão dirigente do Estado com a participação coletiva dos sindicatos e das organizações camponesas - o Congresso Geral Popular. Este órgão elegeu um dirigente - o Secretário geral. Nas localidades se instituíram as assembléias populares que formam os órgãos executivos do governo - os comitês populares. O país se proclama então Jamairia Popular Socialista da Líbia (Jamairia significa literalmente "poder das massas populares"). Kaddafi é escolhido secretário geral do Congresso, mas recusa a todos os cargos oficiais, permanecendo o "líder informal da revolução". Na condição de reserva, diz que não assume nenhum posto com o qual possa ter de entrar na reserva. Será que só resta ao povo se levantar para melhorar suas condições de vida diante de uma ditadura dessas? Mesmo olhando para o "florescimento" dos vizinhos que se encontram sob condições políticas e sociais completamente diferentes?



Mais uma diferença radical. Os regimes na maioria dos países árabes conduziram, especialmente durante a última década, uma política externa benéfica aos EUA e a seus aliados na OTAN. A Líbia, durante o primeiro ano de sua revolução conseguiu a retirada das bases militares da Grã-Bretanha e dos EUA de seu território. Já por isso Washington e Londres não gostaram de Kaddafi. Depois da nacionalização do petróleo então, ele se tornou para os imperialistas "persona non grata". Ainda mais pelo fato de que a nova Líbia se associou durante décadas com o movimento antiimperialista mundial. A Líbia desenvolveu uma relação de amizade com a URSS e com outros países socialistas. A primeira sessão do Congresso Geral Popular contou com Fidel Castro como convidado. A Jamairia conseguiu consolidar a integração política e econômica do mundo árabe e ativamente ajudava aos palestinos e aos combatentes anti-apartheid da África do Sul, aos guerrilheiros latino-americanos e à Nicarágua sandinista. Por tudo isso é que na Líbia não existe o catalisador de ódio popular que são o sentimento de humilhação nacional e o esmagamento da soberania. E por isso mesmo entre os monopólios do imperialismo e seus governos se nota um seríssimo desejo à liquidação do "regime de Kaddafi".



Não se pode, no entanto, considerar a Líbia o paraíso e seu líder o líder popular ideal. Até o boom do petróleo, a Líbia era um dos países mais atrasados da região e, até hoje, são fortes as rivalidades tribais, que não conseguiram se transformar em contradições de classe mais desenvolvidas. Daí advém a rarefação da base social da revolução, a falta de uma cultura política madura, e as concepções meio patriarcais e meio anarquistas sobre a democracia direta, à qual seria oposto o conceito de partido político como tal. Daí também a tentativa de substituir a vanguarda pela autoridade pessoal do líder e a constituição - o "Livro Verde", ideologia científica - por improvisações utópicas. Daí o compromisso com a religião ao nível da proclamação da Sharia como legislação fundamental e a adoção da bandeira verde do Islã como bandeira estatal (ainda que o regime líbio tenha sempre se posicionado contra o fundamentalismo como movimento político). A democracia revolucionária líbia ainda olhava com inimizade para o movimento comunista nos países árabes, criando obstáculos para sua criação em seu território e ajudando a sua repressão nos países vizinhos. Assim, graças a esta limitação histórica, refletida pelo atraso da sociedade líbia,a Jamairia e seu povo se viram obrigados a pagar um preço demasiado cruel com a entrada em crise dos recursos propiciados pelo socialismo real.



Nos anos 1980, Washington e seus aliados acusaram a Líbia (sem provas) de ligação com o "terrorismo internacional". Durante muitos anos impuseram-se ao país sanções econômicas cruéis e, em 1986, houve uma agressão direta dos EUA. A residência de Kaddafi foi bombardeada por mísseis e sua filha adotiva foi morta; ele mesmo escapou apenas pelo fato de que, segundo as tradições beduínas, não vivia em casa, mas numa tenda no quintal. Mas na época ainda existiam a URSS e o Pacto de Varsóvia, e o agressor teve de recuar.



Assim como aconteceu com Cuba, a Jamairia viu-se momentaneamente sob bloqueio após a destruição da URSS e do Campo Socialista. E claro, isto teve influência na vida de seu povo e em sua economia. O governo revolucionário, ao contrário daquilo que ocorreu na Ilha da Liberdade, não possuía uma envergadura de classe, e a partir dos anos 1990, teve que fazer uma série de concessões. Em 1999, depois das agressões da OTAN aos Balcãs, obviamente fugindo da mesma sorte para a Líbia, Kaddafi assumiu a culpa pela explosão de um avião na Escócia, sob acusações da justiça britânica. Aceitou entregar a esta mesma justiça dois dos acusados e levou um sério golpe em sua autoridade aos olhos de seus compatriotas, especialmente dos beduínos, que tradicionalmente consideram ações deste tipo como traição. Em 2001, após as provocações de 11 de setembro, Kaddafi, tentando mais uma vez escapar de ser colocado no mesmo saco, entra em aliança com os EUA e seus aliados na "luta contra o terrorismo internacional". As estruturas de força da Líbia começaram então a lutar junto com os colegas dos países da União Européia contra a imigração ilegal da África para a Europa. Os vizinhos nórdicos se alegraram com o fato de que a Líbia não deixava que passassem através de seu território pessoas desnecessárias, mas em momento algum deixaram de notar o quão cruel era o "ditador Kaddafi"com tais pessoas.



Em 2005, as sanções foram oficialmente removidas. A direção líbia acabou com a maioria das barreiras aos investimentos estrangeiros e realizou uma aproximação com os países capitalistas, especialmente com os da Europa Ocidental. As riquezas petrolíferas da Líbia, a grande necessidade de obras e de construção de fábricas e estradas despertaram o maior interesse dos gerentes das corporações transnacionais destas áreas e todos se puseram em fila para realizar negócios com Kaddafi. Nem Aznar, nem Blair e muito menos Berlusconi se envergonharam de manter diálogo com o "ditador". No entanto, a saída do isolamento mostrou-se uma faca de dois gumes: começou a crescer na Líbia uma camada da burguesia burocrática ligada ao capital transnacional. Tal camada, sabemos, é o berçário da corrupção e da restauração política, é a fonte da crise social e do descontentamento popular: é a base em potencial da contrarrevolução.



E mesmo com todas as mudanças de caráter econômico, a estrutura política identificada pelo líder da Revolução manteve uma forte tendência antiimperialista. Kaddafi mantinha uma crítica aguda ao imperialismo internacional, o que se pôde verificar em parte na Cúpula de Copenhague de dezembro de 2009. Conseguiu criar para os países do "terceiro mundo" um precedente importante e ao mesmo tempo completamente indesejável para as potências imperialistas - compensações da Itália pelos danos causados à Líbia nos anos em que era colônia (o então presidente do Haiti, Aristide, apresentou o mesmo tipo de reivindicações à França, que então passou a desempenhar um papel significativo na sua derrubada). Foi Kaddafi também o iniciador da reformulação da Organização da Unidade Africana numa união para a integração - a União Africana.



Nos últimos anos, o líder da Jamairia começou a diversificar as ligações da economia exterior. Rússia e China fizeram enormes investimentos na Líbia. Em outubro, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi à Jamairia imediatamente depois de ter visitado a Rússia, Belarus, a Ucrânia, o Irã e a Síria. Ambos os líderes falaram publicamente sobre a luta conjunta contra o imperialismo e concordaram com um programa massivo de cooperação. Um pouco antes do "levante", o presidente da Federação Russa assinou na Itália um contrato de investimentos conjuntos na Líbia. Também o Brasil realizou projetos imensos na Líbia. A força principal, criada por iniciativa de Kaddafi, a nova União das Repúblicas Africanas entrou por esses dias para o grupo dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). A Líbia havia começado a construir um sistema de relações internacionais que seria capaz de limitar seriamente a liberdade de ação da reação imperialista. E, em caso de mudanças revolucionárias no mundo árabe, capaz de disseminar o "levante de esquerda" para além das fronteiras da América Latina.

E eis que aparece o contra-golpe. Exatamente no momento em que começam as revoluções egípcia e tunisiana. Exatamente quando a bandeira do protesto popular se aproxima da principal bacia petrolífera da região - a Arábia Saudita. Exatamente quando os palestinos conseguem o reconhecimento diplomático de por muitos países, em sua maioria latino-americanos. Quando os Estados Unidos são obrigados a lançarem sozinhos o veto na resolução da ONU que condena a construção de assentamentos israelenses em terras palestinas, aprovada por mais de 100 países. Quando o maior país da União Africana, o Sudão foi levado à divisão em dois Estados, quando o país mais populoso da África, a Nigéria, se aproxima de suas eleições presidenciais. A pergunta dos juristas romanos "Quo bono?" (“Quem se beneficia?”) se faz, diante de tal situação, meramente retórica.



O desenvolvimento da tragédia na Líbia se diferencia bastante dos acontecimentos nos países vizinhos. Na Tunísia e no Egito, assim como em outros países, houve muitas vítimas, mas os manifestantes continuaram os protestos pacíficos, ocupando as praças centrais das capitais e se relacionando com a sociedade nacional e internacional. Na Líbia, se formos acreditar no "ódio justo" dos políticos burgueses e dos meios massivos de comunicação, o regime de Kaddafi ordenou às forças de segurança e ao exército que atirassem contra os "manifestantes pacíficos", que, em resposta, pegaram em armas. Ora, se tratassem mesmo de manifestantes pacíficos tal ordem de atirar, ou mesmo de bombardear numa situação similar poderia ser fruto apenas de um louco doente ou de um provocador, cujo objetivo fosse levantar o povo contra o governo. A repentina mudança de lado do ex-ministro do interior levanta algumas suspeitas: não foi ele mesmo quem ordenou atirar - se é que atiraram mesmo - nos manifestantes? As mesmas suspeitas podem ser levantadas a respeito dos vôos sobre Malta realizados pelos pilotos da aeronáutica, como se se recusassem a bombardear as "cidades pacíficas" - não foram eles mesmos quem soltaram as primeiras bombas, numa imitação dos trânsfugas-"gusanos" ante a derrota dos contrarrevolucionários em Playa Girón? E se realmente se tivesse utilizado o bombardeio aéreo contra as cidades insurretas, como fizeram na Nicarágua em 1978-79, não chegariam os alvos nas casas dos milhares ao invés de ficar apenas nas dezenas e centenas que se contam até agora?



Acreditaremos em tal "história da carochinha"? Dificilmente manifestantes pacíficos conseguiriam tão facilmente ter acesso a armas, quanto mais tanques, e dificilmente os recrutas do exército passariam tão rápido para o seu lado - isto não aconteceu em nenhum outro dos países tomados recentemente por ondas de protesto. Antes de mais nada, estamos lidando não com manifestantes, mas sim com soldados muito bem armados e preparados, enviados pelas fronteiras abertas, assim como num motim militar igualmente bem preparado.



A quinta coluna na Líbia, especialmente em Cirenaica foi preparada não há um ou dois anos. Sua atuação foi preparada ainda em 1986, ano em que se precisou recuar pois a intervenção fracassou. No início dos recentes acontecimentos, a agência líbia comunicou a prisão de cidadãos estrangeiros que estavam no país para dirigir os atos da "oposição".



Seguem o mesmo esquema muitas contrarrevoluções e levantes, que vão da Guatemala de 1954 à Romênia de 1989, de Moscou em 1991 e 1993 à Belgrado no ano 2000, da Venezuela em 2002 à Bolívia em 2008. Mesmo nos quadros filmados pelos próprios "manifestantes" líbios se vê que estes se parecem muito mais com soldados do que com cidadãos pacíficos. O método de "soldados pela democracia" é o mesmo de Kishniev e Teerã em 2009, o mesmo do Equador em setembro e de Belarus em dezembro de 2010. Destruição e incêndio de prédios públicos, a invasão de comitês populares, de meios de comunicação e - muito sintomaticamente - de empresas chinesas. Há um terrorismo aberto: certo pregador islâmico do canal "Al-Jazeera" já conclama "cada muçulmano capaz de apertar um gatilho" a matar o líder líbio.



Quem faz os protestos pacíficos são os aliados da Jamairia. Já se viu coisa parecida durante a história do mundo árabe. Em junho de 1967, a República Árabe Unida - hoje em dia, Egito - foi submetida à agressão de Israel. A quinta coluna estava pronta para jogar o país aos pés do inimigo, se apenas conseguissem derrubar Nasser. E ele realmente renunciou. Mas o povo não aceitou a renúncia, foi às ruas e levou seu líder de volta ao poder. Os líderes da quinta coluna foram presos e começou a radicalização da revolução, interrompida apenas pela morte antecipada de Nasser sob circunstâncias duvidosas.



Depois que Kaddafi se voltou ao povo conclamando à resistência e anunciou precisamente que não deixará seu país, o apoio do povo, pelo visto, tende para seu lado. Mesmo o "New York Times" escreve que no lado oeste do país os aliados da Jamairia ganham posições. Mas o país corre o risco de uma separação nos moldes do Sudão. Oficiais e burocratas compõem o campo da "revolução" de bandeira monarquista, assim como os chefes tribais e o alto clero, os comandantes da polícia e os diplomatas de carreira. Na linha de frente, encontram-se os embaixadores em Londres (!), em Washington (!!), em Pequim (?!) e o representante da Líbia da ONU. Este último inclusive pediu que o Conselho de Segurança desta organização se pronunciasse sobre a questão líbia, dando sinal verde para a intromissão nos assuntos internos de seu próprio país.

Põe-se a nu também a "oposição" emigrante - a "Frente para a Salvação Nacional" de Londres (se alguém esqueceu, assim se chamava o grupelho que chegou ao poder na Romênia após a derrubada e o assassinato de N. Ceausescu, aliás, amigo e aliado de Kaddafi), e o "Partido do Renascimento Islâmico". E ambos imediatamente pediram aos governantes dos países da OTAN que aplicassem sanções fortes. Kaddafi avisa que ante uma ameaça de invasão serão queimados os poços de petróleo, o mesmo aviso feito pelo general Candido Aguilar no México em 1916, futuro ministro de relações exteriores, acabando com a intenção dos interventores de capturar as fontes de petróleo de seu país.



Os líderes burgueses e seus lacaios esbravejam sobre a necessidade de fechar o espaço aéreo da Líbia, para interromper a chegada de "mercenários". Dizem isso por conta própria. São eles que não possuem outras reservas além dos mercenários, acompanhados das prostitutas políticas e ordinárias de ambos os sexos. Por enquanto ainda não mostraram ao mundo nenhum dos "mercenários de Kaddafi". E é realmente um fato concreto que se possa achar gente na África ou em qualquer outro lugar que vá não por dinheiro, mas motivados por idéias, a lutar pela soberania da Líbia contra a agressão imperialista. A Jamairia ajudou em tempos difíceis, e alguns anos atrás, quando a República Democrática do Congo sofria agressões, vieram em sua ajuda soldados de alguns dos países da União Africana. Por que então agora não ajudariam ao país que iniciou o processo de descolonização e integração do continente?



O mais importante hoje é impedir a intervenção da OTAN na Líbia. O primeiro a se levantar a plenos pulmões sobre esta ameaça foi Fidel Castro. É preciso impedir a intervenção enquanto ela ainda não começou. Trata-se de uma ameaça não apenas à Líbia. Os organizadores do motim e da intervenção têm planos de controlar toda região fervilhante do mundo árabe. Conquistando o petróleo líbio depois do iraquiano, pretendem regular os preços e os consumidores, assim como a produção. Vejam que não é a imprensa marrom, mas sim o próprio ministro de relações exteriores da Grã-Bretanha que deixa escapar o medo de que Kaddafi fuja... para a Venezuela! Não se agüenta e faz uma provocação à República Bolivariana, que detém as maiores reservas de petróleo do mundo. Já mandam sua quinta coluna para as ruas de Teerã, e tentam tomar as ruas chinesas e norte-coreanas. Washington e Seul já alertam para novas manobras nos limites da RPDC.



E a Rússia não está em último lugar na fila. Não parece ser acidental que nestes dias ouvem-se explosões e tiros no Cáucaso e a secretária de Estado dos EUA pela primeira vez anuncia as pretensões do Japão sobre as Ilhas Curilas.



Um dos líderes da oposição de direita brasileira compara os acontecimentos atuais com a queda do muro de Berlim - símbolo da contrarrevolução global dos anos 1990. Trata-se realmente de uma nova tentativa de levantar mais uma onda de contrarrevolução mundial, oprimindo a toda a humanidade. Lembremos: a intervenção fascista na República Espanhola aconteceu com a participação silenciosa de todo o mundo imperialista, e precedeu a Segunda Guerra Mundial. Então, os fascistas se utilizaram de uma senha transmitida por rádio, que avisava a todos sobre o motim franquista que abriu caminho para a intervenção: "Sobre toda a Espanha o céu está sem nuvens".



A destruição da URSS foi precedida por uma operação coordenada pelo imperialismo mundial contra o governo da Unidade Popular no Chile. Há um bom filme sobre isto, que foi nomeado com a senha utilizada pelos amotinados: "Chove sobre Santiago".

Hoje a chuva cai sobre Trípoli e Benghazi. Amanhã, em algum outro lugar provavelmente teremos um dilúvio ou um massacre sangrento sob um céu sem nuvens.



Fiquemos atentos!



A. V. Kharlámen do Partido Comunista (bolchevique) de Toda a União sobre a ofensiva imperialista sendo preparada na Líbia para saquear seus recursos e recrudescer a onda reacionária no mundo


-extraído de http://inverta.org/jornal/agencia/internacional/africa/as-revolucoes-arabes em 22/03/11

China reitera oposição à intervenção na Líbia e pede cessar-fogo

China reitera oposição à intervenção na Líbia e pede cessar-fogo
22 de março de 2011 • 07h41 • atualizado às 07h45 Comentários

Notícia

Reduzir Normal Aumentar Imprimir A China voltou a manifestar sua oposição à intervenção militar na Líbia nesta terça-feira, lamentando as vítimas civis provocadas pelos bombardeios da coalizão internacional, desde sábado, e pedindo um cessar-fogo imediato.
"O objetivo da resolução da ONU consiste em proteger a população civil, mas as ações militares de alguns países fizeram vítimas", criticou Jiang Yu, porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês.

"A China é contra o uso da força, que pode causar prejuízos às vítimas civis e uma crise humanitária na Líbia", acrescentou.

"Solicitamos o cessar-fogo imediato", insistiu, sem indicar se referia-se à ofensiva lançada pelo Ocidente ou aos confrontos em terra entre as forças leais ao ditador Muamar Kadhafi e os insurgentes.

Pequim já havia expressado seu mal-estar com a situação no último domingo.

A resolução 1973 das Nações Unidas, adotada na quinta-feira da semana passada, autorizou o uso da força para proteger a população líbia. A China, membro permanente do Conselho de Segurança, absteve-se da votação, mas não exerceu seu direito de veto para bloquear a proposta de intervenção.

-extraído do site do Terra, em 22/03/11

Crônica de duas farsas que se entrelaçam no cinismo e na covardia, por Pedro Porfírio

Os bombardeios da Líbia liberaram os poderosos para novas agressões




“Eu não sei o que será da Líbia nas próximas horas. Mas lamento profundamente que os governos pusilânimes com assento no Conselho de Segurança da ONU tenham cedido às pressões da França, Inglaterra e Estados Unidos, aprovando uma resolução que permite tudo, inclusive a intervenção militar, para o gáudio dos senhores das armas desse ocidente decadente e sem pudor.
Falar de zona de exclusão aérea é balela, é eufemismo típico de quem não tem o menor recato e acha que tem algum mandato divino para meter o bedelho no país dos outros, sobretudo quando esse país dos outros é um reservatório incomensurável de petróleo”.
Da minha coluna de 17 de março de 2011


Confesso que estou em dúvida sobre qual farsa comentar: se a representação burlesca protagonizada pelo preposto do grande ditador invisível, que destacou a renúncia gaiata de nossa soberania, estuprada pelo FBI por dois dias; ou essa macabra tragédia que configura a mais pérfida agressão estrangeira de alguns países sob batuta da fina flor do crime oficial.


Os dois embustes se entrelaçam até fisicamente: Barack Obama deu a entender que determinou os bombardeios da Líbia (já decididos antes mesmo da Resolução do Conselho de Segurança) quando trocava figurinhas com nossa surpreendente presidente Dilma. Em ambos os casos, que consagram o cinismo e a covardia, nossa mídia deu mostras da sua essência irresponsavelmente mercenária e irremediavelmente comprometida, ao ponto de noticiar o massacre de inocentes em Trípoli como ações para proteger civis.

Desde o sábado, dia 19 de março, mergulhei numa profunda crise existencial provocada pela mais dramática impotência. Quarenta e oito horas antes havia escrito que aquela resolução da ONU era uma carta branca para dar um verniz “legal” à agressão tramada desde as primeiras agitações no mundo ára be. Disse que a agressão estava em marcha.

Tinha razão e isso me abalou. Mergulhei numa terrível depressão ao constatar que nada podia fazer para mudar o rumo dos acontecimentos. Entre uma data e outra fiz aniversário, sem festas, como seria aconselhável. Mas a folhinha andou. E mostrou que hoje o mundo está mais degenerado do que antes. O desrespeito pela verdade campeia como uma massa envenenada irradiada aos quatro ventos. A vida humana se animalizou na renúncia dos valores essenciais que sempre serviram de bússolas.

Tudo o que vi e ouvi nesses dias me provocou torturantes sensações de vômito. Teve um certo momento em que tive vontade de chorar. Não podia imaginar jamais que o nosso governo se agachasse a tanto. Um vexame. Policiais alienígenas revistando ministros de Estado brasileiros, aqui, onde se crêem autoridades.

O histrião foi recebido num ritual da mais flagrante insolência. Exibiu-se e foi-se sem dizer a que veio. Não disse ele, nem disseram igualmente seus anfitriões. Mas a gente conseguiu ler nas entrelinhas o grande golpe que armou e que só explicitou entre quatro paredes no secreto colóquio com a nossa inexperiente chefa do Estado brasileiro.

Ele veio aqui em busca do ouro e faz qualquer negócio para dele se apoderar, inclusive brindar algumas vantagens pessoais para os que facilitarem a cobiça. Está mal na fita por lá e conta com uma reviravolta às nossas custas. Faz bico com as nossas pretensões e joga pesado com a idiotia que grassa.

Já nossa chefia parece que bebeu e ainda está de porre. Quer por que quer um apoio a algo que decididamente significa COISA NENHUMA. Ou você vê algum ganho significativo em sentar como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU?

Se souber, pelo amor de Deus, me informe. Até prova em contrário, essa parece uma tremenda conversa fiada, uma cortina de fumaça, & nbsp;um desejo diversionista absolutamente despropositado. Mas que é usado com a chancela até de professores de relações internacionais, que, igualmente, não explicam patavina, revelando as fábricas de encher linguiças em que se transformaram nossas universidades.

Mesmo se fosse top de linha, o Conselho de Segurança da ONU não confere a nenhum país permanente poderes capazes de melhorar a vida dos seus cidadãos. Não tem serventia conforme sua carta e ainda só serve para dar uma casca protetora ao decidido no complexo de poder das grandes corporações, representadas por indignos chefes de Estado, sempre de olho no alheio e no mar das propinas em dólares.

Agora mesmo, esse Conselho de Segurança, com o Brasil presente e acovardado, chancelou a fraude bélica que está tentando o que uma súcia de mercenários não conseguiu: afastar os obstáculos à conquista dos poços de petróleo líbios, instalando naquele país um governo títere e manso, como no Iraque e nesses sultanatos de nababos devassos e opressores.

Não adianta aqui repetir o óbvio sobre o cinismo que reveste a violação da soberania de um Estado constituído. Todo mundo sabe que a gana do Ocidente é a Líbia, que estava reconquistando uma posição proeminente no mundo do petróleo, graças a investimentos consideráveis em sua infra-estrutura, na educação e nas áreas sociais.

A derrubada de Muamar Kadhafi e a implantação de um regime fantoche têm preocupações mais qualitativas do que quantitativas. Obtém-se com o milionário bombardeio (cada míssil custa um milhão e meio de dólares) o repeteco da “legitimação” do “direito de agressão internacional”, conferido aos Estados Unidos e associados.

A próxima bola da vez, se essa agressão vingar, será a Síria e, no embalo, o Irã. Por estas paragens, a Venezuela está na mira, tanto como Cuba, que nunca teve paz e sossego e vive até hoje sob o mais criminoso bloqueio econôm ico. Tenho medo de estar certo mais uma vez. Infelizmente, porém, a voracidade dos poderosos não tem freio.

Enquanto isso, uma corriola de imbecis encastelados continuará possuindo o controle da mídia e inundando de sandices as descuidadas mentes cidadãs.

-recebido do blog www.porfiriolivre.info