CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO


CONTRA O LATROGENOCÍDIO DO POVO LÍBIO



Mantemos a recomendação do vídeo de Jean-Luc Godard, com sua reflexão sobre a cultura européia-ocidental, enquanto a agressão injusta à Nação Líbia perdurar.




Como contraponto à defesa de civis pelos americanos, alardeada em quase todas as recentes guerras de agressão que promovem, recomendamos o vídeo abaixo, obtido pelo Wikileaks e descriptografado pela Agência Reuters

sábado, 14 de março de 2009

A crise será profunda e prolongada, por João Pedro Stedile

Passaram-se meses do desencadear da crise do capitalismo. Agora temos mais elementos para compreender de que será prolongada, profunda e atingirá a todas as economias. Muitas análises já publicaram na academia e nos meios de comunicação. Há posições de todas os matizes e correntes ideológicas. Todas convergem no diagnóstico. É uma crise profunda, pior do que a de 1929. Atingirá a toda a economia mundial, cada vez mais internacionalizada e controlada por menos de 500 empresas.
Será pior, combina crise econômica, financeira (de credibilidade das moedas), ambiental, ideológica, pela falência do neoliberalismo, e política, por falta de alternativas oferecidas pela classe dominante, no centro ou pelos governos da periferia.Na história das crises, as classes dominantes, donas do capital, e seus governos , adotaram a mesma receita.
Primeiro, precisam destruir parte do capital (superacumulado e sem demanda) para abrir espaço a outro processo de acumulação. Nos últimos meses já torraram mais de 4 trilhões de dólares, em papel moeda.
Segundo, apelam para as guerras, forma de destruir mercadorias (armas, munições, bens, instalações) e eliminar a tensão social dos trabalhadores. E, de certa forma, eliminam também o exército industrial de reserva. Foi assim na primeira e na segunda guerra mundial. E na Guerra Fria. Agora, com medo da bomba atômica, estimulam conflitos regionais: ataques de Israel ao povo palestino, provocações na Índia, ameaças ao Irã.
Terceiro, aumentar a exploração. Baixam salários, rebaixam as condições de vida e de reprodução da força de trabalho, para recuperar as taxas de mais-valia e de acumulação. Daí também, o desemprego que mantêm multidões sobrevivendo com cestas básicas, etc..
Quarto: há maior transferência de capital da periferia para o centro - pela transferência direta das empresas para as matrizes. Através da manipulação da taxa de cambio do dólar, do pagamento de juros e da manipulação de preços das mercadorias vendidas e compradas na periferia.
Quinto. O capital volta a usar o Estado, como o gestor da poupança da população, para deslocar esses recursos em beneficio do capital. Portanto, os capitalistas voltam a valorizar o Estado, não como zelador dos interesses da sociedade, mas como capataz dos seus interesses , para usar o poder compulsório e recolher o dinheiro de todo mundo, através de impostos e da poupança, para financiar a saída da crise.
Vemos a aplicação dessas medidas clássicas todo dia. No mundo todo.
Mas, como em tudo, há contradições, que a sociedade e os trabalhadores podem aproveitar, para mudar a situação.Os períodos de crises são também de mudanças. Abrem brechas e reposicionam as classes. No Brasil, ainda estamos apáticos, vendo pela tevê a descrição dos sintomas. Quase não houve reação sobre os 800 mil que perderam seus empregos só em dezembro de 2008. Não há comentários para a pesquisa que identificou, entre as 17 milhões de famílias pobres do cadastro geral de benefíciários do governo, 79% de desempregados! E por receber algum beneficio não procuram mais empregos, saem até das estatísticas.
É fundamental que setores organizados, todos, tomemos uma atitude. E a primeira é debater a natureza e as saídas para a crise, do ponto de vista da maioria. Urge estimularmos o debate. É louvável a iniciativa da TV Educativa Paraná, de incitar o debate público. Mas precisamos envolver o maior número de militantes, homens e mulheres conscientes, para que debatam e possamos construir coletivamente alternativas populares. E sem mobilização e luta , não haverá saída. Só para o capital.

Artigo de João Pedro Stedile, membro da coordenação nacional do MST e da Via Campesina, publicado na revista "Caros Amigos" n. 143, de fevereiro/09.

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